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Memória

UFRJ homenageia servidores em cerimônia de aposentadoria coletiva

Muitos trabalharam na UFRJ por décadas e continuarão a atuar de forma voluntária em projetos da instituição


foto: Jean Souza – CoordCOM/UFRJ

 

A UFRJ realizou nesta terça (12/12) uma cerimônia para marcar a aposentadoria coletiva de aproximadamente 70 servidores. O evento organizado pela Pró-Reitoria de Pessoal (PR-4) foi uma forma de agradecimento às pessoas que dedicaram boa parte de suas vidas à universidade. Muitos trabalharam na UFRJ por mais de trinta anos e continuarão a cooperar de forma voluntária em projetos da instituição. 

Maria Dias, que se aposentou após décadas no Fórum de Ciência e Cultura, disse que dedicou a vida à UFRJ. “Vim de São Raimundo Nonato, no Piauí, para estudar, e dediquei 35 anos da minha vida à universidade”, afirmou. Ela, que começou na Escola de Educação Física e Desportos, trabalhou na divulgação dos projetos culturais da universidade. 

Fernando Pedro Campos Lopes lembra que foram 28 anos de universidade. Como jornalista, ele passou pela Coppe e Reitoria, e encerrou a carreira na Casa da Ciência. “Fizemos revistas, jornais, boletins virtuais, trabalhamos na assessoria de comunicação. Esse conjunto de atividades deu sentido à minha vida profissional”, disse. “Foi a primeira vez que recebi uma homenagem do coletivo da universidade. Fiquei muito grato”, completou. 

Maria Madalena Pizzaia, que trabalhou desde 1981 no Instituto de Psiquiatria (Ipub), conta que uma das experiências mais marcantes foi atuar no Hospital-Dia, criado para ajudar pessoas com doença mental a retomarem ligação com a sociedade. Foi diretora técnica do hospital por 12 anos e conta que, mesmo aposentada, pretende trabalhar em projetos de extensão do Ipub. “Quero uma atividade externa, de ressocialização, que leve o paciente para fora do hospital”, diz. São pessoas com esquizofrenia e depressão, entre outros transtornos, ela explica. 

Muitas histórias de vida se confundem com a história da UFRJ. Por exemplo, Regina Célia Loureiro, que dedicou anos ao setor de finanças da universidade e, ao passar pelos corredores, é reconhecida e lembrada pela dedicação à UFRJ. Recebeu o diploma de aposentadoria das mãos dos colegas da área, incluindo o próprio pró-reitor da área, Roberto Gambine. 


Aposentados e diplomados – foto: Jean Souza, CoordCOM/UFRJ

 

Engajamento

Para o reitor da UFRJ, Roberto Leher, as histórias dos que passaram tantos anos na instituição representam exemplos de amor, engajamento e coragem. “Esta cerimônia é um imperativo ético, político e social”, disse, ao considerar que a universidade é uma instituição muito complexa, que tem marcado um projeto de nação. “Essas pessoas fizeram a universidade. São docentes e técnicos que encontraram um sentido para suas vidas”, afirmou. 

Maria Malta, pró-reitora de Extensão, lembrou que em termos de participação de aposentados, as atividades extensionistas são um forte exemplo. 

Pedro Sá, superintendente de pessoal, destacou o engajamento dos servidores para garantir a existência da universidade pública. “A história de quem trabalha aqui é uma história de resistência”, disse, ao comentar posicionamentos contrários à educação superior gratuita, vide as recomendações do Banco Mundial, em relatório divulgado no mês passado.

Maria Lúcia Teixeira Werneck Vianna, presidente da Associação de Docentes da UFRJ (Adufrj), destacou o importante papel dos que mesmo aposentados, como ela mesma, ainda têm muito a contribuir para a universidade. “A Adufrj tem aposentados que fazem parte do conselho de representantes”, citou como exemplo. 

Apesar da comemoração, foram vários os que demonstraram preocupação com uma conjuntura de ameaça de direitos conquistados no país. “Ameaça de não mais concessão de aposentadoria nas modalidades que existiam há trinta anos”, destacou Denise Nascimento, vice-reitora. Foi também o tema da fala de Roberto Gambine. 

“O direito à aposentadoria integral era um contrato com o estado e hoje isso está estruturado em bases muito frágeis. Tivemos reforma muito ruim em 2003 e podemos ter nova contrarreforma”, analisou Roberto Leher. Ele destacou que a perda de direitos contrasta com a “opção radical de vida que é fazer parte de uma comunidade universitária”, onde os salários são menores inclusive que em outras carreiras do serviço público. 

Celebração com música

O momento festivo teve apresentação de um quinteto de sopros, formado por estudantes de graduação da Escola de Música. A cerimônia, no auditório Roxinho, do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza, deve ser a primeira de muitas.