Carta publicada no jornal Valor Econômico do dia 24/8
A Secretária Executiva do MEC, Maria Helena Castro, ao avaliar a situação das universidades federais, demonstrou que ainda não possui domínio dos números e das suas problemáticas. Em entrevista à matéria “As federais também enfrentam dificuldades”, publicada pelo Valor no dia 18/8, afirma que a UFABC seria o melhor exemplo de eficiência administrativa e a UFRJ seria o pior. Segundo a Secretária, o custo-aluno da UFABC seria de R$ 19,7 mil e o da UFRJ de R$ 58 mil.
O mais simplório exame da situação comprovaria que ela compara situações não equiparáveis. A UFABC é uma jovem e excelente instituição. Criada em 2005, tem 15 mil estudantes de graduação e 1,3 mil de pós-graduação, poucos em cursos de maior custo-aluno, como Medicina e Geologia; não carrega o custo de aposentadorias e pensionistas; seu consumo de energia é ainda reduzido e a manutenção predial é de menor monta. E, principalmente, não possui hospitais.
Os custos da UFRJ, fundada em 1920, são outros e nada têm a ver com eficiência administrativa: conforme a LOA de 2017, o montante para aposentados e pensionistas será de R$1,1 bilhão e o complexo de nove hospitais universitários terá custo de R$571 milhões. Sem contar os gastos com energia elétrica para mais de mil laboratórios e assistência estudantil para 68 mil estudantes (55 mil de graduação e 13 mil de pós).
Se excluirmos apenas os gastos com aposentados, pensionistas e hospitais, o custo-aluno da UFRJ seria de R$ 21,9 mil, muito próximo ao da UFABC.
A UFRJ convida a Secretária a conhecer mais detalhadamente a instituição. Acreditamos que ela se somará às nossas reivindicações orçamentárias, como o restabelecimento dos recursos contingenciados nos últimos 30 meses, que somam R$ 157 milhões. Assim, o MEC estaria em sintonia com os melhores anseios da sociedade brasileira, em particular do Rio de Janeiro, que apoia sua maior universidade federal.
Roberto Leher
Reitor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)