A Coppe/UFRJ, em parceria com a Agência de Inovação da UFRJ, a Unirio e a ONG britânica Social Innovation Exchange (SIX), promove, em abril, o Studio de Inovação Social, no âmbito da Latin American Social Innovation Network (Lasin). O objetivo é disponibilizar a ampla gama de conhecimentos voltados para a inovação social reunidos na universidade pública a fim de pôr em prática ideias socialmente inovadoras. O projeto é aberto ao público em geral, e os interessados têm até o dia 31/3/2017 para enviarem uma curta descrição de suas ideias. Os resultados serão divulgados no dia 14/4/2017.
Para se candidatar a uma vaga no Studio, os interessados devem mandar e-mail com a sua ideia de inovação social para lasinstudio@gmail.com, contendo a descrição do desafio a ser resolvido e a sua solução em até 300 palavras. Separadamente, deverão ser escritas informações pessoais: nome, instituição e telefone.
A ideia surgiu na Glasgow Caledonian University (Escócia), com o professor Mark Anderson, que tem se dedicado a ajudar no estabelecimento de centros de inovação social na África, Ásia e América Latina. Na Coppe, o projeto está sendo coordenado pela professora Carla Cipolla, do Programa de Engenharia de Produção (PEP), que coordena o Desis Lab (Design para a Inovação Social e Sustentabilidade) e é coorganizadora do Studio.
Na definição da Stanford Social Innovation Review, “inovação social é uma nova solução, mais efetiva, eficiente, sustentável ou justa que as soluções já existentes, cujo valor gerado beneficia, prioritariamente, a sociedade ou uma comunidade como um todo, e não apenas alguns poucos indivíduos”.
A universidade a serviço da transformação social
A Coppe tem uma longa trajetória em “abraçar” iniciativas sociais inovadoras. Recentemente, projetos como Food 2.0 (foto) e Caronaê obtiveram grande visibilidade. “A USIS seria um lugar que faria ‘pipocarem’ esses casos. Ela não é incubadora, nem aceleradora. Um empreendedor social que tenha uma ideia e esteja vagando sem saber como implementá-la pode vir para cá. Quem tem ideias inovadoras não necessariamente acredita que conseguirá desenvolvê-las ou crê que terá tempo para a empreitada. É um desafio achar essas pessoas e estimulá-las, fazê-las acreditar em suas ideias”, explica a professora.
Segundo Carla Cipolla (foto), os candidatos não precisam ter perfil típico de empreendedor, de alguém a fim de colocar um serviço ou produto no mercado. “Basta chegar com uma ideia para melhorar sua rua, quarteirão ou bairro. Pode ser um coletivo feminista, um líder comunitário, um projeto de proteção animal, alguém que acredite que jogos de tabuleiro podem levar a novas formas de regeneração do tecido social em sua localidade de atuação”, exemplifica.
O projeto é também uma atividade de extensão. Desde 2013, com a resolução do Conselho de Ensino de Graduação (CEG 02/2013), tornou-se obrigatório que os alunos de graduação da UFRJ façam créditos em atividades de extensão.
“No momento histórico em que vivemos, a extensão, que é um conceito muito poderoso na UFRJ, tem seu significado reforçado. Os próprios estudantes podem ter o desejo de transformar o seu contexto local, o lugar onde vivem. Isso ecoa as palavras do professor Aloísio Teixeira (ex-reitor da UFRJ entre 2003 e 2011) de que a universidade deveria se abrir, ir além de seus muros. A gente se oferece para servir à sociedade naquilo que ela deseja fazer. Não necessariamente produto ou serviço, mas algo que seja capaz de transformação social, uma outra modalidade de a universidade se colocar como um ator que interage com pessoas comuns”, acredita Carla.
Nove professores da UFRJ estão envolvidos no projeto. Além de Carla Cipolla, os professores Roberto Bartholo, Francisco Duarte, Edison Renato (Programa de Engenharia de Produção da Coppe), Rita Afonso, Paulo Cesar Pereira (Faculdade de Administração e Ciências Contábeis), Ivan Bursztyn, Ceci Figueiredo e Cláudia Soares (Instituto de Nutrição Josué de Castro).
“Colocamos nossos conhecimentos a serviço dessas pessoas. Design thinking, Marketing, Administração, Engenharia de Produção: a universidade precisa dessa seiva vital, ela pode conectar essa criatividade a conhecimentos estruturados, sair dos seus muros e abraçar a cidade. A Coppe pode antecipar o futuro não apenas na inovação tecnológica, mas também na inovação social. O empoderamento da extensão pode nos ajudar a realizar esse sonho”, almeja a professora.