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Denise Nascimento: “Precisamos lutar por mais direitos”

Em artigo, vice-reitora da UFRJ relembra conquistas feministas e afirma que Reforma da Previdência ameaça os direitos das mulheres

Em artigo publicado neste 8 de março, Dia Internacional da Mulher, a professora Denise Nascimento, vice-reitora da UFRJ e professora da Faculdade de Odontologia, afirma que a luta por igualdade deve ser uma meta dentro da Universidade. Reitora em exercício em virtude das férias do professor Roberto Leher, Denise alerta para “ameaças recentes” aos direitos das mulheres, como a Reforma da Previdência e uma tentativa de banalização da Lei Maria da Penha. Confira, abaixo, o texto:

Precisamos lutar por mais direitos

O dia 8 de março é uma data emblemática da luta pelas mulheres por respeito e dignidade na sociedade. Por que comemorar a data e até quando? Sermos mais de 50% da população e termos apenas um dia de reconhecimento parece e é algo estranho, mas trata-se de um dia de homenagem, que valoriza, sobretudo, nossa luta. Uma luta que precisa continuar. Ameaças recentes aos nossos direitos, como a Reforma da Previdência e a tentativa de banalização da Lei Maria da Penha, devem ser rechaçadas por todas e todos, independentemente de raça, credo ou orientação sexual.

Os direitos civis, o direito ao voto, à liberdade sexual e o espaço para o combate às diversas formas de violência e assédio são exemplos de conquistas alcançadas, nos últimos cem anos, ao observamos a trajetória de inabaláveis mulheres. As duas últimas, recentemente, por meio da Lei Maria da Penha, uma vitória das brasileiras, que tem sido uma referência internacional no combate à violência doméstica.

São conquistas que permitiram importantes mudanças na sociedade mundial, oriundas de batalhas e lutas travadas para romper paradigmas culturais milenares. A impetuosidade dos diversos feminismos e lutas deve-se à força e determinação de mulheres extraordinárias que, na ciência, na arte, na filosofia, nos enfrentamentos políticos e sociais, forjaram melhores condições para a igualdade.

Por isso, é preciso celebrar Bárbara de Alencar, lutadora da Revolução de 1817, Anita Garibaldi, Rosa de Luxemburgo, Frida Kahlo, as mulheres costureiras da fábrica de Triangle, Olga Benário, Nísia Floresta, Marie Curie, Chiquinha Gonzaga, Emmy Noether, Nina Simone, Maria Lacerda de Moura, Rita Levi-Montalcini, Alexandra Kollontai, Elizabeth Teixeira, as Mães de Acari, Simone de Beauvouir, Rosalind Franklin, Maria Mayer, Barbara McClintock, Clara Zetkin e todas que reivindicam a superação do machismo, do patriarcalismo e demais formas de negação da igualdade entre os seres humanos.

Manter acesa a chama, persistir na luta por mais direitos e não permitir nenhuma forma de discriminação ou violência, seja no âmbito familiar, laboral e acadêmico, deve ser a meta de todas as mulheres professoras, técnicas-administrativas e estudantes. Amplamente, deve ser o objetivo de todas as pessoas que compõem o corpo social da UFRJ, em busca da construção de um modelo de universidade e de uma nação inclusiva, onde o respeito, a dignidade e todas as formas de liberdade sejam a essência de nosso pensamento e ações.

Denise Nascimento

Reitora da UFRJ em exercício