Por Danielly Bezerra – estudante de Relações Públicas, para o site da Ufal
O reitor da UFRJ, Roberto Leher, foi um dos convidados do Congresso Acadêmico Integrado de Inovação e Tecnologia (Caiite) da Universidade Federal de Alagoas (Ufal). Realizado entre os dias 7 e 15/12, esta foi a 4ª edição do evento. No dia 9, Leher participou de uma mesa-redonda sobre a problemática do ensino superior e discutiu a interferência dos acontecimentos políticos na educação do país. A mesa, antecedida pelo espetáculo Se tubarões fossem homens, aconteceu no auditório Nabuco Lopes, no campus A.C. Simões, em Maceió.
Além do professor Leher, participaram da mesa a reitora da Ufal, Valéria Correia; o secretário-geral da Associação dos Docentes da Ufal (Adufal), Jorge Oliveira; Davi Francisco, representante do Sindicato dos Trabalhadores da Ufal (Sintufal); e os estudantes Hermes Rodrigues e Thays Camila, convidados para representar o movimento das ocupações. Todos foram apresentados pela reitora e discutiram, em linhas gerais, as dificuldades enfrentadas pelas instituições de ensino do Estado atualmente.
‘A crise das universidades brasileiras e o futuro da educação pública’
Roberto Leher iniciou sua fala resgatando o histórico da política brasileira para contextualizar a constituição do ensino superior no país. Ele esclareceu que o texto da PEC 241 é diferente do que é proposto na PEC 55 e que se trata de um viés decrescente de investimento, no qual a discussão desenha uma mudança de estado para o padrão pré-1988.
Como apontado por demais economistas e pesquisadores do ensino, ele ressaltou que o Plano Nacional de Educação (PNE) não será contemplado com a nova parcela estimada para a educação, já que é esperada uma queda de cinco a oito pontos no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em produtos primários no período de 10 anos.
Em seguida, o professor foi enfático ao falar sobre a importância das universidades na pesquisa e desenvolvimento do país. “A universidade deve ser uma instituição que pensa os grandes debates da humanidade, e estamos constatando que ela não tem espaço no novo Estado. A universidade tem que dar o melhor de si porque precisamos ter uma legitimidade maior do que já temos”, afirmou.
No momento do debate, a professora Maria Lúcia Fattorelli, ponderou sobre o desafio de tentar reconstruir tudo o que está sendo destruído com as mudanças propostas pelo atual governo. Além dela, o pesquisador argentino Osvaldo Coggiola comentou a fala do reitor da UFRJ e afirmou que é preciso uma união latino-americana em busca dos direitos sociais e da democracia. O vice-reitor da Ufal, José Vieira, contribuiu para o debate afirmando que “a comunidade universitária e a produção intelectual são trincheiras muito importantes e que têm sido colocadas em xeque. Há uma luta longa em defesa da autonomia universitária”.
Leher reforçou que este é o momento de se pensar em projetos para os trabalhadores e finalizou com entusiasmo: “eu acho que temos desafios maravilhosos pela frente e devemos nos sentir orgulhosos de tê-los pela frente”.