Por Victor Terra
Membros da comunidade acadêmica e de movimentos sociais e artísticos se reuniram no dia 3/10, para apresentar projetos culturais em desenvolvimento na UFRJ e assim dar início ao plano de ocupação cultural da Universidade. O encontro ocorreu no auditório Leme Lopes, no Instituto de Psiquiatria, no campus da Praia Vermelha. “Esta sessão serve para conhecermos as propostas e nos conhecermos enquanto produtores de arte”, disse a vice-reitora Denise Nascimento, que esteve à frente da reunião.
Atuante nos campos da arte e cultura, a UFRJ conta com inúmeros projetos artístico-culturais, que envolvem música, dança, teatro, artes plásticas, cinema, entre eles Ópera na UFRJ e A Escola Vai à Ópera, da Escola de Música; a Mostra de Teatro da UFRJ, realizada pela Escola de Comunicação; e o grupo Cancioneiros do IPUB, que se apresentou no início da reunião.
Ressignificação e resistência
O pró-reitor de graduação, Eduardo Serra, valorizou o esforço da Universidade em promover o diálogo com a classe artística e com os movimentos sociais, como o OcupaMinc, o que segundo ele “permite dar uma dimensão maior para a Universidade” na discussão de cultura e integração com a sociedade.
“A ressignificação, a reocupação e a reativação do espaço da Venceslau Brás 215 (onde funcionava o antigo Canecão) vão para muito além da UFRJ, mas para a sociedade. Vão contribuir não só como resistência a este momento do país, mas para que a gente avance para uma nova sociabilidade, com a visão de um ser humano mais integral e consciente”, completou Serra.
“A UFRJ está na cidade”
Além do Canecão, localizado junto ao campus da Praia Vermelha, a UFRJ conta com outros 24 equipamentos, na Ilha do Fundão, capazes de promover eventos culturais.
Um exemplo é o auditório do Centro de Tecnologia, com capacidade para receber 560 espectadores. Na zona sul da cidade estão o Colégio Brasileiro de Altos Estudos, a Casa da Ciência e o Teatro de Arena do Palácio Universitário da Praia Vermelha. Na zona norte e no Centro, o Museu Nacional, os espaços da Escola de Música e o IFCS. “A UFRJ está na cidade.”
São muitos equipamentos à nossa disposição”, comentou a pró-reitora de extensão, Maria Malta.
O potencial para alavancar uma extensa agenda cultural foi sinalizado pelo diretor do Fórum de Ciência e Cultura, Carlos Vainer. “Nossa Universidade é um grande centro cultural”. Apontou ainda para as “plenas condições da instituição de realizar ações culturais desvinculadas da lógica do mercado”, disponibilizando espaços de exposição e interação dos projetos culturais da UFRJ com a sociedade.
Necessitando de espaço, muitos professores ainda têm dificuldade para desenvolver seus projetos como gostariam. “Temos espaços ociosos que podem ser ocupados. É importante que a gente discuta esses espaços de atuação”, alertou Adriana Schneider, professora do curso de Direção Teatral da Escola de Comunicação.
Kátia Gualter, diretora da Escola de Educação Física, comentou as dificuldades, mas reconheceu o esforço da instituição na construção de novas salas de dança para o Departamento de Arte Corporal, o que vem se realizando nos últimos anos.
Integrar as produções da Universidade com as de coletivos e grupos culturais externos é uma das intenções, segundo Maria Malta. “A ideia da instituição é ouvir, pensar e trabalhar junto aos movimentos sociais”, na busca da renovação dos modos de ver, pensar e produzir arte e cultura na Universidade.
Classe artística
Participaram da reunião membros do Ocupa Minc, do Coletivo Balalaica e da Associação Cultural Arrastão. Segundo Jorge Cesar, do Arrastão, é preciso pensar, para os próximos encontros, em estender o convite a mais movimentos e organizações culturais, que segundo ele “vão poder representar melhor a cidade como um todo”, sugestão considerada positiva pela Reitoria. Jorge Cesar valorizou a abertura da Universidade à discussão da cultura e afirmou que é papel dos coletivos comparecer e ocupar os espaços da UFRJ.
A iniciativa de reunir grupos artístico-culturais para um diálogo também foi elogiada por Adriana Tiúba, do Ocupa Minc: “É inovador mesmo, é a primeira Reitoria que abre para um processo desse de fato”, afirmou.
Para Bruno Borges, membro do Coletivo Balalaica, “a Universidade é um equipamento cultural essencial para a cidade”. Ele fez questão de observar que a Universidade deve estar aberta para a cultura popular, deixando de priorizar os “grandes espetáculos”.
Limpeza e reabertura do “Canequinho”
O espaço do antigo Canequinho já está sendo recuperado. Depois de um levantamento feito pela Pró-Reitoria de Gestão e Governança, a área, com cerca de 150m², já começou a ser limpa. Os próximos passos são manutenção hidráulica e elétrica das instalações. Segundo o pró-reitor de Gestão e Governança, Ivan Carmo, a curto prazo a ideia é utilizar o espaço para reuniões de planejamento da ocupação de outros espaços. A previsão é de reabertura do espaço ainda neste ano.
Próximos passos
A próxima etapa do projeto de ocupação cultural será constituir uma comissão consultiva, com representantes das Pró-Reitorias, unidades acadêmicas e movimentos sociais.
Fotos: Diogo Vasconcellos – CoordCOM/UFRJ