15 de Outubro de 2016
Um Dia das Professoras e dos Professores Pleno de Significados
Em muitos momentos da história as professoras e os professores foram poderosas forças civilizatórias contra pesadas nuvens que pareciam turvar o futuro. E agiram com o que poderiam melhor fazer em termos de docência: criando condições para universalizar o esclarecimento crítico e assegurar meios para que cada ser humano tivesse plena possibilidade de uso crítico da razão para entender e transformar o mundo.
Vivemos um desses momentos em que o irracionalismo parece se capilarizar por toda a sociedade, situação evidenciada nas investidas contra a secularização e a laicidade da educação pública. No dia de hoje, quando comemoramos o Dia das Professoras e dos Professores, celebramos todas e todos aquelas/es que se dedicaram (e se dedicam!) à ciência, à arte, à cultura, à tecnologia como expressões humanas para o bem-viver dos povos. E isso exigiu (e exige!) práxis, coragem, alteridade e emocionante dignidade das gerações anteriores e das atuais que seguem iluminando o mundo com a razão.
É um dia em que celebramos o valor ético-político da paixão pela docência e o compromisso com a construção de uma sociedade em que todos os humanos tenham uma vida plena de sentido criador, livres das amarras que tentam impedir a mudança social em prol da democracia substantiva. Celebremos a mobilização em torno de projetos de formação cujo potencial transformador encanta e revigora convicções.
As pesadas nuvens que turvam o futuro possuem real materialidade. Vivemos momentos de grande preocupação. Se nos restringirmos apenas à frente da Educação, Saúde, Ciência e Tecnologia, a conjuntura é extremamente adversa, sendo marcada pelos cortes orçamentários, pelas ameaças (e práticas hostis) à livre manifestação de pensamento, pelas reformas curriculares impostas, pelos desmontes ministeriais, pelos ataques à universidade pública e à sua gratuidade e pela franca hostilidade à sua autonomia. A PEC 241/16, se aprovada, provocará gravíssimos retrocessos ao serviço público e à universidade em particular. Todos os estudos realizados confirmam que, após poucos anos de vigência, o orçamento das Federais voltará ao patamar dos tenebrosos anos 1990. A desvinculação de verbas constitucionais para a educação e a saúde indica que não haverá um freio aos cortes orçamentários.
Acreditamos, vivamente, que o caminho para uma sociedade justa está diretamente associado à capacidade de os professores produzirem e garantirem que seus estudantes produzam conhecimento crítico. A ação dos docentes na esfera pública será decisiva. Nenhuma ação em prol da educação pública, laica, gratuita e crítica, da ciência, do Sistema Único de Saúde poderá ser considerada secundária ou nos provocar indiferença. Não há como postergar a cidadania ativa neste momento tão definidor do futuro da democracia no país! Que o dia de hoje seja um marco na manutenção e renovação dessa luta!
Rio de Janeiro, 15 de Outubro de 2016
Reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro