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Precisamos de políticas estruturais para as mulheres

Confira mensagem da Reitoria pelo Dia Internacional da Mulher

O dia 8 de março celebra a luta das mulheres em prol da igualdade, dos Direitos Humanos, da liberdade e da emancipação individual e coletiva das trabalhadoras. A proposta da instituição de um Dia Internacional da Mulher foi feita em 1910 pela socialista alemã Clara Zetkin, no contexto da primeira Conferência Internacional de Mulheres, dirigida pela Internacional Socialista. Naquele momento se instituiu um dia de celebração da luta das mulheres pelos seus direitos e seu espaço social autônomo. Em 1911, um dos momentos marcantes dessas lutas, 149 pessoas, a maioria mulheres, foram vitimadas em incêndio criminoso na fábrica Triangle Shirtwaist, em Nova York.

Outras lutas marcaram a história das trabalhadoras, como a reivindicação da coeducação e de medidas contra a discriminação de gênero nas escolas e universidades, com as ideologias do suposto dom das estudantes em certas áreas distintas das ciências duras. Ocorreram muitas vitórias, como a definição, em muitas constituições nacionais, de que meninas e meninos devem estudar em escolas comuns.

Em diversos países as mulheres são mais escolarizadas do que os homens; entretanto, ainda hoje a grande maioria de cientistas é masculina, pois a pós-graduação possui maior participação de homens: estudo realizado em 14 países, divulgado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, informa que a probabilidade de as estudantes mulheres terminarem uma licenciatura, um mestrado e um doutorado em alguma área científica é de 18%, 8% e 2%, respectivamente, enquanto a probabilidade de estudantes masculinos é de 37%, 18% e 6%.

O problema ainda é maior quando se considera que os lugares de maior prestígio no sistema de ciência e tecnologia são, em grande parte, masculinos: grosso modo, as mulheres representam aproximadamente 25% dos membros da Academia Brasileira de Ciências. Frente a tais desigualdades, a ONU indicou a data de 11 de fevereiro como o Dia Mundial das Mulheres e das Meninas na Ciência.

O problema demanda muito mais do que um dia específico em prol da igualdade de gênero. É preciso políticas estruturais que fortaleçam as mulheres na Educação, como creches com infraestrutura, pessoal qualificado e projetos pedagógicos, redução da jornada de trabalho das mulheres estudantes e mães, bem como a compreensão e transformação dos mecanismos socioculturais sutis, subjetivos, de reprodução das desigualdades de gênero.  Políticas ativas de bolsas e de ampliação das condições materiais para assegurar acesso aos níveis mais elevados de formação e a ampliação da pluralidade de áreas de pesquisa são imprescindíveis.

A universidade é um lugar privilegiado para a produção do conhecimento crítico, emancipatório e libertário em que caibam todos os feminismos, os saberes feministas, as discussões feministas, as pesquisas produzidas por mulheres.

A Universidade Federal do Rio de Janeiro, respeitando sua tradição de compromisso com o enfrentamento das injustiças e desigualdades sociais, comemora, apoia e se soma às lutas das mulheres trabalhadoras pela transformação das condições psicossociais e econômicas que reproduzem as opressões.

Reitoria da UFRJ
Cidade Universitária, 8 de março de 2016