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Pesquisadores da UFRJ investigam reativação do vírus da Zika

Os pesquisadores também estão preparando um mapeamento da doença no Rio de Janeiro

Rede formada por professores da UFRJ reuniu-se nessa terça-feira, dia 15, para mobilizar novos atores nas investigações sobre a doença e o combate ao Aedes aegypti

A Rede Zika Paulo de Góes, formada por pesquisadores da UFRJ, reuniu-se com a Reitoria, nessa terça-feira, 15 de março, para discutir projetos e pesquisas, como também apresentar informes sobre o tratamento da Zika e o combate ao mosquito Aedes aegypti.

Rodrigo Brindeiro e Amilcar Tanuri, professores do Laboratório de Virologia Molecular da UFRJ, destacaram que os casos de dupla infecção, ou seja, quando um paciente é infectado por mais de um vírus ao mesmo tempo, têm recebido atenção especial dos pesquisadores. Eles registraram casos de infecção pelo Zika vírus e Chikungunya, simultaneamente. 

Segundo Brindeiro, a reativação do vírus da Zika ainda não tem causa comprovada, daí a importância de se intensificarem os estudos em análises clínicas. Uma vez infectada, a pessoa pode voltar a apresentar os sintomas da doença, mesmo que não ocorra novamente a picada pelo mosquito, pois o vírus fica latente em alguns tecidos do corpo. Tanuri relatou casos de reativação até seis meses após a contaminação. 

“O estudo da reativação do vírus por Zika, provocando afecções neuronais ou artrite reumatológica em adultos, poderá ajudar a entender os casos de mulheres infectadas anteriormente à gestação ou na gravidez terão o feto infectado ou com microcefalia”, explicou Rodrigo. 

A Fundação para o Desenvolvimento Científico e Tecnológico em Saúde (Fiotec), ligada à Fiocruz, receberá verbas para estudos e pesquisas sobre a Zika por meio de uma emenda parlamentar do deputado federal Jean Wyllys.

Instituto de Matemática e outras unidades da UFRJ passam a compor a Rede

“A Rede, em conjunto com o Instituto de Matemática, está fazendo um mapeamento georreferenciado da dengue como um modelo para ser utilizado em Zika, ao longo de uma série temporal. O objetivo é saber como esse fluxo do Aedes aegypti funciona dentro do município do Rio de Janeiro, tanto em áreas urbanas, como em áreas rurais”, disse Brindeiro. 

Para a comunicação da Rede, foi criado um Subgrupo Técnico de Comunicação, envolvendo a Escola de Comunicação (ECO), o Instituto de Estudos em Saúde Coletiva (Iesc), o Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde (Nutes) e a Coordenaria de Comunicação da UFRJ (CoordCOM). Esse subgrupo ficará responsável por divulgar informações para diferentes públicos da universidade e para a sociedade, com o objetivo de colaborar com a prevenção, o tratamento e o combate aos vetores do mosquito.

Brindeiro se reunirá com a Secretaria Municipal de Saúde na próxima sexta-feira, 18 de março, e adiantou possíveis projetos que estão sendo pensados em vigilância epidemiológica de arboviroses (Zika, Chikungunya e Dengue), no âmbito de todo o município.

Estão sendo estudadas coortes clínicas, grupos de estudos clínicos da UFRJ e da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio) de Zika e microcefalia, utilizando como modelo a Rede Cegonha do município do Rio.

Uma parceria com o Hospital Universitário Graffrée e Guinle, da Unirio, definiu que a unidade ficará responsável por autópsias em fetos que tiverem morte intrauterina em gestantes diagnosticadas com o Zika, e natimortos com microcefalia. A UFRJ atuará na parte laboratorial de diagnóstico molecular e estudos em três grupos: mulheres gestantes com Zika, grávidas cujos fetos tenham microcefalia, e adultos com complicações neurológicas decorrentes da contaminação pelo vírus, como encefalite, meningite e Guillain-Barré. 

As próximas reuniões da Rede Zika Paulo de Góes estão marcadas para esta sexta-feira, 18, apenas com a área clínica, e dia 29 de março, com o Subgrupo Técnico de Comunicação e pesquisadores.