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Comunidade universitária opina sobre desafios para a próxima gestão da UFRJ

O Portal UFRJ ouviu alguns membros da comunidade universitária para saber suas expectativas a respeito da nova gestão da universidade.

Por Thais Ferraz e Gabriel Monteiro
 
O Portal UFRJ ouviu alguns membros da comunidade universitária para saber suas expectativas a respeito da nova gestão da universidade, que será eleita para o período 2015-2019. O processo sucessório acontece este mês e pode se estender até maio, caso haja segundo turno.
 
Os alunos entrevistados defenderam que o próximo reitor deve garantir uma universidade autônoma, pública, democrática e que garanta não só o acesso, mas a permanência dos estudantes na UFRJ através de políticas de assistência estudantil. Alguns técnicos enxergam com descrença a nova gestão, independente de quem seja eleito, sem grandes expectativas para a classe.
 
Para Vitor Rezende, aluno do sexto período de Engenharia Civil, a próxima gestão deve criar avanços em relação à capacidade de imposição da universidade como uma instituição autônoma o suficiente para garantir os progressos necessários. “A universidade deve ser totalmente pública, gratuita e democrática, sendo também papel da gestão garantir isso. É importante concretizar a UFRJ como polo de produção de conhecimento, com acesso e permanência democratizados, garantindo, assim, que ela cumpra seu principal papel: o retorno à comunidade em forma de conhecimento”, disse.
 
Vitor ressalta que é de extrema importância uma gestão que trabalhe junto com a sociedade e com os movimentos sociais, priorizando sempre as ações públicas. “Assim teremos a capacidade de formar não apenas mentes prontas para o mercado de trabalho, mas mentes comprometidas com as transformações da sociedade e que insiram nela o conhecimento adquirido’’, concluiu o aluno.
 
Paulo Henrique Calmon, aluno do quarto período de Comunicação Social – Jornalismo, espera que a próxima gestão reivindique perante os órgãos governamentais a ampliação dos recursos destinados à Educação. Para ele, isso significa criar, em lei, políticas públicas que garantam a permanência dos estudantes na universidade. “É importante continuarmos democratizando o acesso, mas é ainda mais urgente que essa democratização não pare aí, no acesso. É necessário oferecer os meios para que os alunos consigam permanecer na universidade, como transporte, alimentação e moradia”, afirma o estudante.
 
Ele também acha fundamental ter uma gestão que saiba valorizar todos os pilares da universidade: o ensino, a pesquisa e a extensão e que tenha um compromisso perante toda a sociedade brasileira.
 
“É difícil se manter na universidade, principalmente para quem não tem dinheiro”, afirma Eduardo Magalhães, estudante do segundo período de Arquitetura e Urbanismo, que vem de fora do Rio.  Ele entende que é urgente garantir mais assistência estudantil, incluindo mais bolsas e mais investimento em Residência Estudantil, que hoje não é suficiente para atender à grande demanda pelo benefício. Além disso, Eduardo considera importante mais diálogo dos gestores com os alunos.
 
A servidora Leila Maria, da Divisão de Gestão Documental e da Informação (DGDI), que trabalha na universidade há 29 anos, vê a situação com descrença. Segundo ela, as coisas não mudaram nos últimos anos. Evaldo Faria, que trabalha na Biblioteca do Centro de Ciências da Saúde (CCS), também não tem muitas expectativas em relação ao processo de sucessão.
 
Cila Borges e Inês Oliveto, ambas da Biblioteca José de Alencar da Faculdade de Letras, dizem que existe pouco investimento nas bibliotecas da universidade, “sendo muitas vezes deixadas de lado”. Elas esperam que isso mude. Já Severino Ramos de Oliveira, auxiliar de artes gráficas no Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN), reclama da falta de segurança no campus.
 
Para o professor Paulo Baía, do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS), a expectativa é que a nova reitoria aprofunde o processo de democracia interna na UFRJ e tenha sucesso em suas articulações com o Governo Federal, como o Ministério da Educação e os demais órgãos de fomento e desenvolvimento da pesquisa.
 
O professor também acredita que são necessários recursos financeiros para que a autonomia universitária se realize e, dessa forma, espera que o novo reitor seja um líder na busca desses recursos, em defesa intransigente de uma universidade pública e gratuita, em sintonia com a sociedade brasileira.