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Professora da UFRJ será chefe da delegação brasileira no primeiro Pan-americano de Voo à Vela

Valéria Caselato é a única mulher que possui um planador no Brasil e uma das poucas a praticar o esporte.

Entre nuvens e salas de aula se divide a vida de Valéria Caselato, professora no curso de Gastronomia do Instituto de Nutrição Josué de Castro (INJC) da UFRJ e volovelista (praticante de voo em planadores) no tempo livre. Valéria será chefe da delegação e nutricionista da equipe brasileira, que participará do 1º Pan-americano de Voo à Vela, que acontecerá nos EUA, entre os dias 3 a 18 de abril.

Levada pelo pai aos campeonatos de volovelismo desde pequena, Valéria herdou a paixão pelo esporte. No aeroclube de Bauru, em São Paulo, iniciou os voos aos 15 anos e com 16 já tinha brevê, que é a licença para pilotar.  Os voos em planadores exigem bastante do piloto, pois a pequena aeronave não possui motor e depende das correntes de ar para se manter no céu.

Sem preconceito

Valéria é a única mulher que possui um planador no Brasil e uma das poucas a praticar o esporte. O avião modelo Libelle, fabricado na Alemanha, fica em São José dos Campos, em São Paulo, para onde a professora viaja nos fins de semana para praticar no aeroclube local. Ela conta que, apesar de ser um ambiente majoritariamente masculino, nunca sofreu preconceito. “Sempre me coloquei em igualdade de condições, participando ativamente mesmo em atividades que exigem força”, disse.

O Pan-americano, que acontece no mês que vem é um evento de categoria 1 da Federação Aeronáutica Internacional (FAI). Além do Brasil, participarão da competição Argentina, Canadá e Estados Unidos. O time brasileiro é composto pelo piloto Sergio Bassi e Valéria, mas o país também estará representado por Chief Steward, que chefiará o júri, e Renato Tsukamoto, integrante da comissão organizadora.

A nossa delegação é a menor a participar dos jogos e, segundo Valéria, poderia nem mesmo existir: “a estrutura está enxutíssima por falta de recursos e por se tratar da primeira edição da competição”.

Apesar de todas as dificuldades, Valéria tem boas expectativas para o Pan-americano, que lhe impõe novos limites a serem superados. “Será minha primeira experiência como chefe de delegação e me trará condições de aprendizagem para desafios maiores, como participar do Mundial de Voo à Vela”, disse. Entre suas preocupações, estão preparar toda a logística de transporte e equipamentos para o campeonato, conhecer profundamente o regulamento para defender o país de possíveis punições injustas e estar com o inglês em dia para garantir a boa comunicação com os organizadores do evento.

O conhecimento em prol do esporte

Mas não é só Valéria que terá de ultrapassar barreiras. O piloto Bassi terá que estar bem preparado física e psicologicamente. A chefe da delegação explica que as provas podem durar de 3 a 7 horas e percorrer distâncias de até 500 km, embaixo de sol quente e na cabine apertada do planador. O piloto deve estar bem alimentado e com energia, pois tem que tomar decisões importantes minuto a minuto. É nesse momento que o conhecimento adquirido e aprimorado por Valéria na universidade pode fazer diferença. “O bom rendimento do piloto depende da ingestão de energia, sais minerais e também proteínas para os músculos, tudo isso balanceado de tal maneira que o sistema digestório não seja afetado, comprometendo a capacidade de pilotar e as reações mentais” explica.
Valéria se diz contente por unir suas duas paixões, lecionar e voar. E não deixa de agradecer o incentivo dos amigos de trabalho, das coordenadoras do Curso de Gastronomia, professoras Nilma Morcerf e Tania Muzy, e da diretora do INJC, Glória Valéria da Veiga, que possibilita a ela cumprir as duas funções sem prejudicar nenhuma delas. Para o Pan-americano, a professora espera boas colocações e poder ver a bandeira ser hasteada ao som no hino nacional.