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Memória

Nota de falecimento – Professor Leopoldo de Meis

Emérito da UFRJ fundou o Instituto de Bioquímica Médica (IBqM−UFRJ).

A UFRJ comunica, com pesar, o falecimento do professor Leopoldo de Meis, ocorrido nesse domingo, 7 de dezembro. Aos 76 anos, ele morreu em casa, de causas naturais, e deixa sua companheira de muitos anos, a professora Vivian Rumjanek, quatro filhos e seis netos, amigos na universidade, admiradores de seu trabalho, além de importante contribuição para a história da UFRJ. O velório está sendo realizado hoje, 8 de dezembro, até às 17hs no Memorial do Carmo.

Leopoldo de Meis nasceu no Egito (01/03/38) e ainda criança veio para o Brasil, onde se naturalizou. Aos 18 anos ingressou na Faculdade de Medicina na UFRJ, graduando-se em 1961. Iniciou a carreira científica como estudante de Medicina sob a orientação do Dr. Walter Oswaldo Cruz. Foi professor titular de Bioquímica na UFRJ desde 1978, onde fundou o atual Instituto de Bioquímica Médica (IBqM), que leva seu nome em justa homenagem. Recebeu ainda o título de professor emérito da UFRJ. Foi vencedor do prêmio Conrado Wessel, em 2008, e também agraciado com o prêmio Faz a Diferença, do jornal O Globo, em 2010.

Suas principais linhas de pesquisa versaram sobre mecanismos de transdução de energia em sistemas biológicos, transporte ativo de íons, acoplamento, transporte de íons, síntese e hidrólise de ATP.

Durante muitos anos, dedicou boa parte de seu tempo à pesquisa na área de Educação para a Ciência, despertando a vocação científica de muitos jovens de baixa renda, através dos cursos de férias que criou e manteve na UFRJ. Nesses cursos, fórmulas e “decorebas” eram abolidas e os participantes sempre foram convidados a pensar em seus próprios questionamentos e experimentos a partir de um tema predefinido. Os Cursos de Férias e o Programa Jovens Talentos são hoje projetos e estratégias adotados por muitas instituições nacionais agregadas em uma Rede de Educação fundada por Leopoldo de Meis.

Foi membro da Academia Brasileira de Ciências, honorário nacional da Academia Nacional de Medicina e membro correspondente estrangeiro da Academia das Ciências de Lisboa. Pertenceu à Academia de Ciências do Terceiro Mundo e foi titular-fundador da Academia de Ciências Latino-Americana.

Além do Conrado Wessel e do prêmio Faz Diferença, recebeu outras distinções: Prêmio Glaxo Evans (1965), Prêmio LAFI (1978), Prêmio de Química, da Academia do Terceiro Mundo (Trieste, Itália, 1985), Diploma World Cultural Council (1986), Prêmio Oswaldo Cruz, da Prefeitura do Estado do Rio de Janeiro (1988), N. Van Uden Award Lecture, da Universidade de Coimbra (1993), Doctor Honoris Causa, da Universidade de Louvain, Bélgica (1994), a Ordem Nacional do Mérito Científico, Classe Grã-Cruz (1995), e a Ordem Nacional do Mérito Educativo (2000), entre muitos outros.

Publicou 205 trabalhos científicos em revistas internacionais e nacionais; foi autor de 13 livros. Orientou 34 dissertações de mestrado e 37 de doutorado.

Foi Presidente da Sociedade Brasileira de Bioquímica e Biologia Molecular (1983 a 1984), participou do Conselho Diretor do CNPq e da Capes (1992 a 1994), e fez parte do Corpo Editorial de vários periódicos ao longo de toda a sua carreira.

Por toda sua trajetória profissional, hoje a ciência brasileira está de luto.