Por Paulo Calmon
A 35ª edição do Encontro Nacional dos Estudantes de Comunicação (Enecom) ocorreu na Universidade Federal de Alagoas, de 19 a 26/7. Após quatro anos afastados das discussões nacionais, 21 alunos do curso de comunicação social da UFRJ compareceram ao evento.
Com o tema "Educação às avessas: da formação que temos à comunicação que queremos”, estudantes de diversas universidades brasileiras se reuniram para discutir sobre as bandeiras da Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social (Enecos): democratização da comunicação, qualidade de formação do comunicador e combate às opressões.
O evento mobilizou diversos grupos de discussões, em torno de temas relacionados à comunicação e à sociedade, como o plebiscito constituinte e o projeto de lei de iniciativa popular por uma mídia democrática. Oficinas também foram ministradas, propiciando aos participantes a prática de atividades circenses, teatro, maracatu, entre outras.
Núcleos de vivência fizeram parte da programação, sob a proposta de trazer aos estudantes, divididos em grupos, um pouco mais da realidade alagoana em um dia de imersão nas atividades do lugar.
A Vila dos Pescadores de Jaraguá, que vem sofrendo remoções para a exploração turística que comprometem as tradições e o sustento das famílias locais, recebeu visitas, assim como o quilombo urbano Jacintinho, onde funciona o Museu Cultura Periférica, que resiste em sua cultura através da prática da capoeira, do Fer Kwon Do, arte marcial criada em Alagoas, e dos toques de atabaques e berimbaus.
Todas as atividades eram abertas à população, marcada pela violência e desigualdade social. Outros seis locais foram visitados, como o antigo Quilombo dos Palmares, localizado na Serra da Barriga.
As atividades do encontro ainda envolveram mostras de arte e de curta-metragens produzidos pelos próprios alunos. Trabalhos acadêmicos também foram apresentados no local, como o artigo “Rádio Digital Brasileiro: mídia e sociedade cada vez mais livres”, do aluno Carlos Eduardo Barros. “O diálogo que surge a partir da apresentação de trabalhos, filmes e artes no geral, entre comunicólogos em formação de todo o país, é um ambiente altamente frutífero e acolhedor a novas ideias sobre a comunicação”, declarou.
Proposto pelo coletivo Enecos Alagoas, o ato organizado pela democratização da comunicação mobilizou os estudantes e alertou a população pelas ruas da capital, contando com transmissão ao vivo pela internet, através da iniciativa estudantil.
O Laboratório de Ativismo e Comunicação da Escola de Comunicação (ECO/UFRJ) lançou juntamente com a Enecos, imediatamente antes do ato, a campanha #ForaCoronéisdaMídia para esclarecer a população sobre a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº246, que questiona a outorga e a renovação de concessões de radiodifusão a pessoas jurídicas que possuam políticos com mandato como sócios ou associados, a ser votada no Supremo Tribunal Federal.
“O Laboratório de Ativismo e Comunicação surgiu em junho de 2013, reunindo alguns alunos da ECO que trabalhavam com comunicação para política e movimentos sociais e queriam mostrar para outros alunos da escola que é possível ser um profissional de comunicação e ativista ao mesmo tempo. No laboratório a gente compartilha ideias de ferramentas online e intervenções de rua que possam ajudar a espalhar causas”, afirmou o aluno Rafael Rezende.
Saiba mais sobre o projeto de lei da mídia democrática em www.paraexpressaraliberdade.org.br
Saiba mais sobre o plebiscito constituinte em www.plebiscitoconstituinte.org.br