Em 2014 se completam 50 anos do Golpe Militar de 1o de abril de 1964, que lançou o Brasil na mais longa ditadura de nossa história, marcada por extensa e dramática lista de violações dos direitos humanos. Movimentos sociais, sindicatos, associações de todo tipo, partidos políticos, artistas, intelectuais, todos os cidadãos foram, de uma forma ou de outra, alvo da violência e do obscurantismo imposto à Nação.
A Universidade não ficou incólume. Sofreu com a perseguição a muitos de seus professores, pesquisadores, estudantes e servidores técnico-administrativos Era necessário calar a comunidade universitária, e a Universidade, assim como muitos outros setores da sociedade, se insurgiu, resistiu e foi frontalmente agredida, vendo sua autonomia pisoteada e desprezada.
Na UFRJ, muitos foram os estudantes assassinados e desaparecidos pelo brutal regime. Muitos foram os professores cassados e proibidos de ensinar e pesquisar.
A Nação não pode esquecer. A cada oportunidade que se apresentar, devemos refletir sobre as origens, processos e mecanismos que geraram e mantiveram no poder um regime tão brutal. Mesmo porque, como é sabido, muitas e graves são as heranças deste período. O Estado brasileiro ainda não passou a limpo este período. Sobrevive uma inaceitável condescendência com os responsáveis por crimes de lesa-humanidade e se verifica leniência na eliminação dos resquícios do autoritarismo presentes em nosso aparato institucional (e.g. Lei de Segurança Nacional). Práticas abusivamente violentas do aparelho policial e policial-militar denunciam a herança perversa. Tortura-se e mata-se impunemente nas delegacias policias. O direito à livre manifestação e expressão sofre graves ameaças.
Na UFRJ, a constituição da Comissão da Memória e Verdade (Portaria n 4966, de 2 de maio de 2013) criou as possibilidades para que a história desse negro período de nossa instituição e comunidade seja esclarecida, as violências e atentados ao saber e aos direitos dos estudantes e professores sejam identificadas e, quando pertinente, reparadas.
Em 2014, como contribuição ao esforço de resgate da História de nossa Nação e de nossa Universidade, fica declarado que este será o ANO DA MEMÓRIA E VERDADE DA UFRJ.
A Comissão da Memória convida todos os integrantes do corpo social, todos os centros, unidades e órgãos suplementares a promoverem eventos e atividades voltados para o estudo, discussão e divulgação ampla do que aconteceu no país e na UFRJ no período ditatorial. E solicita ao CSCE e ao CONSUNI que, ao longo deste ano, todos os documentos oficiais, cartazes, sítios internets e meios de divulgação em geral tragam o selo em anexo.