O Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe−UFRJ) promoveu o debate “Mulheres na Engenharia”, no dia 30/10, como parte do ciclo de conferências em comemoração aos seus 50 anos

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Coppe debate o papel da mulher na engenharia

O Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe−UFRJ) promoveu o debate “Mulheres na Engenharia”, no dia 30/10, como parte do ciclo de conferências em comemoração aos seus 50 anos

Isabella Cardoso

O Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia (Coppe−UFRJ), em conjunto com a Boeing Brasil, promoveu o debate “Mulheres na Engenharia”, no dia 30/10, como parte do ciclo de conferências em comemoração aos seus 50 anos. Na abertura, o evento teve a participação do professor Edson Watanabe, vice-diretor da Coppe, e Ana Paula Ferreira, diretora de comunicação da Boeing no Brasil.

O primeiro painel foi sobre “Trajetória na carreira”, com Geraldine Wilmot Spear, gerente sênior de tecnologia global na Boeing Pesquisa e Tecnologia (BR&T), e Celina Figueiredo, professora de Engenharia de Sistemas e Computação da Coppe, sendo mediado por Fernando Rochinha, diretor acadêmico da Coppe.

Já o tema do segundo painel foi “Mercado de trabalho no Brasil e no mundo”, com participação de Nirvana Deck, gerente de projetos da Boeing Pesquisa e Tecnologia, e Angela Uller, professora da Coppe e chefe de gabinete da Reitoria da UFRJ. A coordenação da mesa coube a Carmen Lucia Tancredo Borges, do programa de Engenharia Elétrica da Coppe.

Poucas oportunidades

Geraldine Wilmot Spear, da Boeing, foi a primeira a falar e relatou a sua trajetória de vida, desde a escolha da faculdade que iria cursar até seu trabalho atual. Ela disse que no seu país de origem, Irlanda, havia poucas oportunidades para mulheres, sobretudo em áreas como engenharia e tecnologia. “Na Irlanda, as mulheres são enfermeiras ou secretárias”, disse.

Quando a sua família se mudou para os Estados Unidos, a situação era outra. Contou que estudou Engenharia Aeronáutica na Califórnia, ficando apaixonada pelo curso. Atualmente, Geraldine trabalha na Boeing, em Seattle, Washington. Segundo ela, as mulheres fazem um esforço maior que os homens para se destacar na carreira. “As mulheres devem se qualificar, participar de grandes projetos, se preocupar com o desempenho e criar relações com as outras pessoas. Devem também se atualizar, pois tudo muda o tempo todo, e ser importantes sempre”, resumiu a gerente da Boeing.

Celina Figueiredo, professora da Coppe, mostrou dados da UFRJ e contou com muita alegria que o curso de Engenharia Ambiental teve a formatura com uma turma 100% feminina. Ela destacou que o Brasil está à frente de muitos países, já que há 30% de mulheres nas faculdades de Engenharia, enquanto na Europa esse número é de 20% e, nos Estados Unidos, de apenas 8%.

Na UFRJ, existe uma proporção de 16% de professoras na Coppe. E o curso da UFRJ com maior quantidade de alunas mulheres é o de Engenharia Química, com 29%, revelou Celina. O CNPq, segundo ela, faz uma distribuição igualitária de bolsas, com exatamente 50% para cada sexo, sendo que 1/3 das bolsas destinadas às mulheres é para cursos de exatas e engenharia. Essa proporção aumentou de 32%, em 2001, para 35%, em 2010.

Ela mencionou também uma reportagem publicada no site da BBC sobre como a tecnologia precisa de reformulação para atrair as meninas. Nela, o Brasil é citado como um país com alta representação de mulheres nas áreas de ciência e tecnologia.

Perfil do engenheiro

Na segunda mesa, a moderadora começou indagando por que o número de mulheres na universidade é grande e no mercado de trabalho diminui. Ao comentar o perfil do engenheiro dos novos tempos, Angela Uller opinou que esse profissional deve ter características como comprometimento, criatividade, empreendedorismo, capacidade de trabalhar em equipe, de conviver com mudanças e tomar decisões. 

Ela frisou que as características são diretamente ligadas ao “ser do engenheiro, e não ao saber”, ou seja, as qualidades almejadas são relacionadas à personalidade, não necessariamente à sua formação. Sob esse ângulo, perguntou: “Quem está mais preparado: homens ou mulheres?” 

Angela apresentou estudos neurológicos sobre a diferença entre as estruturas cerebrais dos dois sexos. O resultado do estudo indicou que as mulheres são melhores em relações humanas e nos aspectos emocional, artístico e comunicacional.

De acordo com a pesquisa, também conseguem fazer várias tarefas simultaneamente e são mais detalhistas, enquanto os homens são mais independentes, bons em matemática e têm um senso de localização espacial maior, hierarquia e uma visão mais de conjunto.

Comparadas as características, chegou-se à conclusão, segundo Angela Uller, de que as mulheres estão mais preparadas para esse perfil ideal de engenheiro e que, agora, o necessário é entrar no mercado de trabalho e mudar tal quadro.