Isabella Cardoso
No dia 17/10, aconteceu a abertura do 1º Inovaurbe – Seminário Internacional Inovação e Urbanismo, promovido pelo Programa de Pós-Graduação em Urbanismo (Prourb) da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ. A solenidade ocorreu no Auditório Paulo Santos, na FAU.
A diretora adjunta da FAU, Maria Julia de Oliveira Santos, parabenizou os organizadores e os participantes do seminário, destacando a necessidade de buscar parcerias e realizar um trabalho árduo para viabilizar eventos do porte do 1º Inovaurbe. Ela disse também que o mundo contemporâneo precisa de integração para tornar-se melhor. “O papel da faculdade é semear um novo pensamento. A troca é muito importante para o conhecimento constante”, frisou.
A primeira mesa-redonda do evento teve como tema “A favela e a periferia urbana: distâncias e proximidades” e contou com a participação dos palestrantes Pablo Benetti, pró-reitor de Extensão e professor da Prourb, e Mauricio Puentes, professor da Pontificia Universidad Católica de Valparaíso, Chile.
Favela e periferia
O primeiro palestrante, Pablo Benetti, falou sobre a favela e a periferia, a política habitacional, o lugar dos pobres na cidade e o projeto Minha Casa, Minha Vida, do governo federal.
Benetti ressaltou que as cidades latino-americanas não seguem o modelo europeu de crescimento (cidade compacta), nem o anglo-saxão (cidade difusa). Nas cidades latino-americanas coexistem ambos os processos na dinâmica do capital imobiliário e na urbanização popular.
Na cidade compacta, existem favelas em áreas centrais, onde ricos e pobres têm convivência próxima. Nela, há uma hiperdensidade e a tendência à verticalização. Segundo ele, os lotes são do tamanho da casa, então não há grande possibilidade de mudança.
Na cidade popular difusa, frisou Benetti, existem loteamentos populares, “longe de tudo e perto de nada”, sem oportunidades de emprego, onde os mais pobres moram, produzindo assim a homogeneidade da pobreza. Porém, há uma liberdade urbanística, pois os lotes são maiores que as casas.
Minha Casa, Minha Vida
O palestrante falou sobre duas estratégias de intervenção na cidade: os programas Favela Bairro e Programa de Aceleração de Crescimento (PAC). No Favela Bairro, de acordo com o especialista, há um urbanismo corretivo, ou seja, o objetivo é corrigir ambientes e qualificar as habitações, intervindo pouco no território. Benetti destacou que o Favela Bairro buscava melhorar o lugar, construindo e reformando ruas e passarelas, por exemplo.
No PAC, há um urbanismo preventivo, isto é, uma intervenção para conter e organizar o avanço desordenado da população. Segundo ele, nesse programa há ofertas de habitações e reassentamento, como o Minha Casa, Minha Vida. Para o pró-reitor de Extensão, o grande desafio desse programa é articular as áreas, conectando as comunidades, já que as novas habitações oferecidas são distantes do eixo zona sul−centro, no qual se concentra grande parte das ofertas de trabalho.
Ele disse que atualmente há a disseminação do pensamento de que o ideal é ter casa própria. O programa Minha Casa, Minha Vida, frisou, acaba fixando a população no local definido, já que promove o financiamento de casas em até 30 anos, diferente da liberdade e informalidade que há nas favelas.
Segundo Benetti, o programa oferece “terra barata, mas longe de tudo”. Quanto mais distante do centro da cidade, mais barata é a casa; porém, morar longe do local de trabalho não é nenhuma vantagem para os pobres, salientou. Segundo o palestrante, em tese o programa parece ser adequado, mas, na realidade, é uma política habitacional que reafirma a cidade excludente. “A única maneira de reverter esse processo é compactando a cidade”, completou.
O 1º Inovaurbe vai até o dia 25/10. Mais informações aqui.