O 2º Encontro Internacional de Divulgadores da Ciência, em comemoração aos 30 anos de divulgação científica no Brasil e aos 30 anos do Espaço Ciência Viva (ECV), começou nessa última quinta-feira (26/9) e vai até este sábado (28/9).
O evento propõe um espaço de discussão sobre a divulgação da ciência, a partir da trajetória e ações realizadas por professores, pesquisadores, estudantes, profissionais e demais interessados na área.
Organizado pelo Museu Espaço Ciência Viva, em parceria com a UFRJ e o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Rio de Janeiro (Faperj), o encontro é baseado em três temas: Museus e centros de ciências; Comunicação e ciência; e Ciência e arte.
Abertura
A professora Cecília Cavalcanti, da Escola de Comunicação (ECO) da UFRJ e também colaboradora do ECV, coordenou a mesa de abertura. Segundo ela, o museu é um espaço fundamental para a divulgação da ciência, uma vez que faz a difusão do conhecimento.
O presidente do Museu ECV e também chefe do Laboratório de Imunofisiologia do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF) da UFRJ, Robson Coutinho, contou como a instituição nasceu e como foram seus primeiros 20 anos de vida. O contexto histórico da época – fim da ditadura militar – era propício, pois a população tinha sede de conhecimento e interação. Com a meta principal de desmistificação da ciência, o ECV foi criado, com Pedro Persechini e Maurice Bazin à frente, e outros nomes importantes para a ciência e pesquisa brasileira.
Expondo fotos, Robson apresentou os primeiros grupos de pessoas que, ainda na universidade, se uniram e criaram a ECV e participam até hoje do espaço, além de mostrar as primeiras atividades realizadas. Citou a Noite no Céu, que consistia em levar um telescópio para alguma praça pública em que as luzes eram apagadas. “As pessoas eram convidadas a discutir o universo, numa atividade simples de divulgação da ciência”, disse Coutinho.
Ele lembrou ainda a primeira edição do Encontro Internacional de Divulgadores da Ciência, que contou com a participação de museus e exploratórios americanos, que ofereceram cursos para professores e promoveram um intercâmbio de saber científico entre as pessoas.
Voluntariado
A vice-presidente do museu e professora do IBCCF, Eleonora Kurtenbach, falou sobre a parte prática e funcional do ECV, destacando os atores principais, que são as pessoas que se juntam voluntariamente em prol da divulgação da ciência. A diretoria e a coordenação são compostas por pesquisadores e professores das principais universidades e instituições.
Segundo ela, os mediadores da ciência são alunos de pós-graduação, alunos de graduação, professores de ensino médio e fundamental, bem como seus alunos, jovens talentos e profissionais liberais de diversas áreas.
Os desafios para os próximos 10 anos foram relatados pela professora Eleonora, entre eles o aumento de profissionais de diferentes áreas envolvidos nos projetos, a melhoria do espaço físico e a maior frequência de alunos do ensino médio dentro do museu.
O maior público do museu é de crianças e adolescentes em fase escolar que são, muitas vezes, levados pela própria escola ou por seus pais que buscam um programa educativo para seus filhos.
Projetos que sustentam o ECV
O espaço tem projetos de grande porte, com parcerias entre institutos, universidades e o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), como A água nossa de cada dia e o Projeto Ciência – Sangue e Cidadania, que sustentam a ECV.
Esses e outros projetos acabam gerando módulos dentro do museu, além de teses de mestrado, livros, protótipos que envolvem reciclagem e servem para a cenografia das exposições do próprio museu.
O presidente de honra e cofundador do ECV, Pedro Persechini, palestrou sobre os próximos 30 anos do museu e da divulgação científica no país.
Relatou um episódio que mostra como a ciência é mistificada: no tempo da faculdade, fez uma conferência usando um nome fictício, surpreendendo professores e colegas.
O ECV não é um lugar de divulgação científica similar aos outros, é diferente, interativo, dinâmico, valoriza o trabalho do pesquisador e expõe de forma fácil para o grande público, de acordo com Persechini.
Ele também destacou o contexto histórico-social. Antigamente, a ciência só abordava o medo da ameaça nuclear e, hoje, a vida pós-humana é discutida, a busca da cura dos males, bem como os próprios males, síndromes e doenças ocupam as posições de destaque na procura da população em geral, tornando esses temas mais recorrentes e conhecidos.
No decorrer do dia, também houve a apresentação de pôsteres feitos por alunos e expostos na Casa da Ciência, além da homenagem a Maurice Bazin, fundador do ECV.