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Instituto de Química e Coppe inauguram Laboratório

 Um grande passo para tornar o Brasil autossuficiente na tecnologia de produção de etanol 2G será dado no próximo dia 29 de agosto com a inauguração do Laboratório Bioetanol da UFRJ. O empreendimento, parceria do Instituto de Química da UFRJ e da Coppe/UFRJ, vai testar tecnologias nacionais para todas as etapas de produção do etanol 2G, o chamado álcool de segunda geração ou bioetanol. A cerimônia de inauguração começa, às 10 horas, no Auditório da Coppe, no Centro de Tecnologia II, na Cidade Universitária.  Em seguida, os convidados visitarão as instalações do novo laboratório.

Vinculado ao Programa de Pós-graduação em Bioquímica (PPGBq/IQ) e ao Instituto Virtual Internacional de Mudanças Globais (Ivig), da Coppe/UFRJ, o Laboratório Bioetanol desenvolverá tecnologia com base na hidrólise enzimática da celulose contida nos resíduos da agroindústria da cana-de-açúcar e também do milho e do trigo. O objetivo é manter a sintonia com a atual tecnologia do etanol 1G e manter a sustentabilidade do processo. O ponto-chave para isso é a produção das enzimas in loco, ou seja, nas próprias usinas de álcool, evitando o transporte por longas distâncias.

Para identificar possíveis impactos ambientais de todas as etapas da produção, incluindo a produção descentralizada das enzimas, o Ivig, da Coppe/UFRJ, fará a análise do ciclo de vida do novo processo de produção do bioetanol. Outra contribuição da Coppe é a tecnologia de membranas que será empregada em diferentes etapas de separação e concentração dos biomateriais envolvidos no processo. Os sistemas de membranas serão fornecidos pela PAM-Membranas Seletivas, empresa que nasceu no Laboratório de Processos de Separação com Membranas e Polímeros da Coppe.

 “No momento o Brasil não consegue produzir quantidade suficiente de etanol para atender o mercado interno e está importando etanol de milho dos EUA, cuja produção resulta em emissão de CO2 na atmosfera, ao contrário do etanol produzido a partir da cana-de-açúcar. É necessário expandir a produção brasileira e o Laboratório Bioetanol contribuirá bastante para que se atinja este objetivo”, ressalta Luiz Pinguelli Rosa, diretor da Coppe.

Vocação brasileira com maior produtividade

O etanol utilizado no Brasil, também chamado álcool de primeira geração, é produzido com tecnologia convencional, que aproveita apenas um terço da energia contida na planta. Assim, apesar de ser o maior produtor de etanol do mundo, o Brasil é incapaz de atender ao próprio mercado interno. Estimativas indicam, entretanto, que é possível dobrar a produção brasileira de etanol sem competir com a produção de alimentos ou desmatar florestas.

Segundo Elba Bon, professora do Instituto de Química da UFRJ e coordenadora do laboratório, o bioetanol é uma tecnologia mais limpa, autossustentável e condizente com a vocação do Brasil. “Por suas características territoriais e de ensolação, entre outras, nosso país tem capacidade de produzir biomassa em grande quantidade para fazer frente às necessidades da indústria química do futuro”, diz ela, lembrando que a biomassa é uma matéria-prima renovável para produção de produtos que têm sido obtidos a partir do petróleo.

A professora ressalta ainda o fato de o laboratório estar dentro de uma universidade, o que propicia a formação de recursos humanos na área: “Utilizando a biomassa, o Brasil tem uma condição única no mundo de liderar o desenvolvimento tecnológico do uso de recursos renováveis para a indústria química e para combustíveis, e as pessoas são o coração desse processo.”

A produção de cana-de-açúcar – que gera por ano mais de 400 milhões de toneladas de resíduos – concentra a melhor perspectiva para o bioetanol. O bagaço (resíduo da extração do caldo de cana) e a palha (que costuma ser queimada na colheita manual da cana) podem ser aproveitados utilizando-se enzimas para fazer a hidrólise, ou seja, para “quebrar” as moléculas de celulose e extrair a glicose que, depois de fermentada, se converte em álcool.

O Laboratório Bioetanol da UFRJ é fruto de uma parceria entre a Coppe e o Instituto de Química e conta com a participação de uma grande rede de instituições e pesquisa brasileiras e japonesas. É financiado pela Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e apoiado pela Agência de Cooperação Internacional do Japão (Jica) .