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Memória

Plenária no Ifcs recebe 3 mil pessoas em debate sobre transportes

Por Angélica Fontella e Laura Barbosa

A terça-feira (25/6) foi histórica para a cidade do Rio de Janeiro e para a memória da UFRJ. Lotado, o Largo de São Francisco, em frente ao Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCS), sediou a segunda plenária do Fórum de Lutas Contra o Aumento das Passagens. Alunos, professores, integrantes de diversos movimentos sociais, coletivos, grupos e partidos compareceram em peso à reunião que definiu os novos rumos do movimento.

À plenária compareceram cerca de 3 mil pessoas, segundo estimativa dos organizadores, destacando-se a presença dos membros de partidos políticos como PSB, PSOL, PSTU, do Movimento Indígena e do MST.

Para atender essa quantidade de participantes, foi improvisado um carro de som e os presentes foram reunidos na praça em frente ao IFCS, onde esteve posicionada a mesa dos 15 organizadores da plenária. Entre eles, representantes de movimentos populares, sindicatos, universitários, representantes da Aldeia Maracanã e do Diretório Central dos Estudantes da UFRJ.

A sessão foi aberta com a votação da metodologia a ser adotada na plenária. Em seguida, entraram na pauta proposta especificações dos atos dos dias 27 e 30 de junho (concentração, trajetória e horário), agendamento da plenária seguinte e definição da pauta política. A partir de cada ponto, propostas e defesas foram ouvidas e votadas por todos, democraticamente, por maioria simples.

Como resultado, a plenária determinou, além dos eixos principais elencados na primeira reunião, as pautas “tarifa zero”, desmilitarização da polícia e libertação e anistia aos manifestantes presos em protestos recentes no Rio, que ainda se encontravam encarcerados.

A reunião definiu também os próximos atos do movimento: uma passeata, no dia 27/6, da Candelária à Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranspor), e outra no domingo, 30/6, às 15h, da Praça Saens Peña, na Tijuca, rumo ao Maracanã.

As manifestações no Rio de Janeiro, segundo o representante dos estudantes da UFRJ no Conselho Universitário (Consuni), Julio Anselmo, têm origem na articulação do Fórum de Lutas Contra o Aumento das Passagens, em outubro de 2012. É um movimento diferente daqueles observados em outros estados do país, uma vez que estes pressupõem ideia de decisão em massa, democraticamente, sem restrições de debates a líderes e conselheiros, de forma exclusiva.

Julio comentou os projetos do Fórum: “Estamos amadurecendo a ideia de melhor organização, o que será discutido em nova plenária ainda sem data concreta.”. E acrescentou: “As manifestações são muito importantes, milhões foram às ruas e a luta vai continuar. Tivemos conquistas, provamos que é possível nos mobilizarmos para termos melhorias concretas. Demos um passo importante, mas agora é fundamental organização para acumularmos experiências, aprofundarmos pautas e ampliarmos as mobilizações”.

Segundo Kenzo Soares, aluno do curso de Jornalismo da UFRJ, que esteve presente em todos os encontros do movimento, “o Fórum é um espaço democrático, existente desde 2012, que reúne qualquer pessoa que queira lutar, num primeiro momento, contra o aumento das passagens”.

O universitário destacou também a pluralização do movimento: “Para muitos, essas plenárias são o primeiro espaço político do qual participam, por isso chegam à mesa os anseios mais diversos”, disse.

Eixos do movimento estão delineados desde 18 de junho

Na primeira plenária, que aconteceu em 18 de junho, também no IFCS, foram fixados cinco eixos centrais para o movimento: instituição do passe livre para estudantes, luta contra a privatização de serviços públicos no Estado, anistia integral para presos em protestos, combate à violência nas manifestações e democratização dos meios de comunicação.

Os organizadores da plenária esclareceram ainda que o movimento é horizontal, sem representantes e lideranças, cabendo a todos a definição de pautas e as políticas adotadas. E ainda, que partidos e entidades políticas são bem vindas, embora nenhum represente ou lidere o movimento.

A primeira plenária contou com o apoio de representantes do Sindicato dos Motoristas e Cobradores de Ônibus do Rio de Janeiro e do sindicato dos Bombeiros.

Eventos na UFRJ discutiram conjuntura política

Em vista das grandes manifestações em todo o país, a UFRJ tem se dedicado a refletir sobre a nova conjuntura política que tem mobilizado as pessoas nas ruas e feito pressão sobre políticos.

Três assembléias foram realizadas, nos últimos dias, no Instituto de História, na Escola de Comunicação e no Centro de Ciências da Saúde (CCS).

O Instituto de História da UFRJ, junto com o Laboratório do Tempo Presente e o Centro Acadêmico Manoel Maurício de Albuquerque (CAMMA), promoveu nesta quinta, 27/6, a mesa "O povo nas ruas: as manifestações em debate".

Já a assembleia de quarta-feira, na Escola de Comunicação, foi organizada por um grupo de estudantes, que informaram as deliberações da plenária acontecida no mesmo dia no IFCS, pela manhã. Além disso, foram discutidas as pautas das manifestações e como os estudantes podem participar dos atos de maneira construtiva.

No mesmo dia, a assembleia no CCS avaliou a atual conjuntura de lutas no Brasil e organizou a inserção de ações e pautas dos estudantes da saúde no movimento.