O ciclo “Você Faz Cultura”, promovido pelo Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, promoveu o seu 3º seminário na última sexta-feira, 28 de setembro. O encontro, com a temática “Museus e Acervos”, foi realizado no Museu Nacional, em São Cristóvão. Na abertura do evento, o coordenador do Fórum de Ciência e Cultura, Carlos Vainer, ressaltou que não haveria lugar mais pertinente para o encontro do que o Museu Nacional. “Nunca antes nessa universidade, o conselho se debruçou tão intensamente em uma política sobre cultura, por isso vamos tentar dar um passo adiante em relação à elaboração do documento final. Queremos introduzir um plano de trabalho para o período de 2013 a 2016.”
Presente para falar das experiências e desafios da administração de museus e acervos universitários, a diretora do Museu Nacional, Cláudia Rodrigues Ferreira de Carvalho, contou suas experiências pessoais na administração do museu. Cláudia destacou a responsabilidade da instituição no que diz respeito à manutenção das instalações, que devem ter condições adequadas para recepção, guarda, acesso e exposição dos objetos.
Também ressaltou a necessidade de zelo pelo acervo, de planejamento criterioso para recebimento de novas coleções e de definição de políticas de curadoria, acesso, proteção, valorização, divulgação e estímulo à participação popular, que deve ser feita por meio de exposições itinerantes e ações escolares e comunitárias, nas discussões sobre acervo e patrimônio: “Um dos maiores desafios é publicizar nossos acervos de 20 milhões de itens, de modo a responder às demandas, respeitando a lei de acesso e a política de propriedade intelectual. Devemos buscar meios de valorização das ações de condensação ampla daquilo que os diferentes setores do museu fazem, para conseguir, de fato, o apoio da sociedade. Quando a sociedade tem algo a dizer, geralmente os políticos escutam”.
Musealização da Cidade Universitária
Dando sequência ao seminário, o diretor do Instituto de Geociências da UFRJ e coordenador do Museu da Geodiversidade, Ismar de Souza Carvalho, falou sobre o panorama e as perspectivas dos museus e espaços de ciência da UFRJ. Ismar iniciou sua apresentação mostrando os diversos museus e centros de memória da universidade, como o Museu do Mar, o Museu do Computador, o Espaço Coppe, o Museu da Geodiversidade e o Museu da Escola Politécnica, e o que eles têm em comum: goteiras (representando os problemas estruturais físicos).
“A própria Cidade Universitária é um espaço que pode ser musealizado, com informações pertinentes ao objeto de interesse de cada uma das pessoas que estão vivenciando o que é a nossa instituição. Mas nem todos os espaços são passíveis de visitação e o custo de manutenção de uma grande área é alto. Por isso, a possibilidade com que trabalhamos é a construção do Museu do Conhecimento, um espaço central de exposições permanentes e temporárias, com proporções expressivas, com elementos de apoio como auditório, salões de cinema e laboratórios. Buscamos a centralização do apoio aos centros de memória da UFRJ no que se refere à restauração, digitalização e recepção. Uma das angústias é sobre a segurança dos acervos, que são instrumentos de poder, mas as unidades que quiserem manter a segregação de suas exposições não sofrerão nenhum tipo de imposição”, disse Ismar.
“Caminhos do Conhecimento”
A coordenadora de Extensão do Centro de Ciências da Saúde da UFRJ, Diana Maul, deu sequência à ideia de musealização da Cidade Universitária. Ela apresentou a proposta de integração dos museus por meio do projeto “Caminhos do Conhecimento”, que consiste no resgate e recuperação de acervos históricos e conjuntos museológicos, inclusive materiais, por meio da criação de pontos de exposição temporários. “A ideia é deixar o mais disperso possível, mas com unificação dos sistemas de guarda, conhecimento múltiplo e espaço vivo”, assinalou.
Diana também destacou o que chamou de “integração da UFRJ com os vizinhos”, destacando o Museu da Maré, iniciativa que, segundo a convidada, teve grande participação da UFRJ. Já a coordenadora do Centro de Memória da Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais, Rita de Cássia Marques, falou sobre a experiência da UFMG com a Rede de Museus. Segundo ela, todos os museus são campos de pesquisa e na universidade essa interface aumenta. “Os desafios são investir na gestão para atender a todos os espaços, padronizar procedimentos para melhor qualificar o público e incrementar uma relação com os cursos de graduação”, frisou Rita, que é membro-fundadora da Rede de Museus e Espaços de Ciência e Tecnologia.
A superintendente de Museus da Secretaria de Estado de Cultura (SEC), Mariana Várzea, não pôde comparecer ao evento. No lugar dela esteve presente Rafaela Zanetti, também da SEC. Segundo Rafaela, a missão da secretaria é promover políticas públicas de preservação de patrimônio e memória, valorizando a diversidade cultural. “Os eixos estratégicos de atuação da Secretaria Municipal de Urbanismo são difusão de bens culturais, memória e cidadania, preservação do patrimônio cultural, modernização da gestão, revisão de marcos legais, desenvolvimento de manuais e implementação de uma nova política de aquisição e descarte”, disse. Os próximos passos, segundo ela, são a consolidação da política estadual de museus, a melhora do apoio técnico no desenvolvimento das instituições atuantes e a ampliação do acesso do público aos bens culturais.
Na parte da tarde discutiu-se o tema dos acervos universitários. A diretora da Divisão de Memória Institucional do Sistema de Bibliotecas e Informação da UFRJ, Andréa Cristina de Barros Queiroz, falou sobre os acervos da UFRJ; a diretora do Centro de Memória e Informação da Fundação Casa de Rui Barbosa, Ana Maria Pessoa dos Santos, discutiu a formação, a conservação e a difusão de acervos bibliográficos, documentais e arquitetônicos; o diretor-geral do Arquivo Nacional do Ministério da Justiça, Jaime Antunes da Silva, apresentou o tema Sistemas e Arquivos Públicos; o coordenador de Museologia do Museu de Astronomia e Ciências Afins – MAST e do Grupo Temático Museus de Ciência e Tecnologia no Fórum Nacional de Museus, Marcus Granato, falou sobre acervos de ciência e tecnologia; já Celso Castro, do Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil, apresentou a experiência do centro em reunir, produzir e difundir documentos.
Após o debate, foi realizada uma miniplenária em que se apresentaram e discutiram propostas para a plenária final, que será realizada no fim do último seminário do ciclo, no dia 21 de novembro, no Salão Pedro Calmon, no Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ, Avenida Pasteur, 250, Praia Vermelha.