O Grupo de Pesquisa da Política Internacional e o Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos (Nepp-DH) promoveram ontem (20) uma discussão acerca do futuro da energia em nosso país. O seminário “Ameaças e desafios transnacionais à segurança energética do Brasil” reuniu professores e especialistas no Auditório Manuel Maurício de Albuquerque, no Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH).
Para o professor Alexander Zhebit, coordenador do Grupo de Pesquisa da Política Internacional, é dever da academia questionar o que vai acontecer com a energia nas próximas décadas. “Essa questão passa por toda a atividade do Estado, pela política nacional e internacional, pelo meio ambiente e pela segurança”, completou.
Segundo Leonam Guimarães, assessor da presidência da Eletronuclear e um dos expositores, segurança energética é a garantia da continuidade e da sustentabilidade de suprimento energético. Em outras palavras, é o equilíbrio entre oferta e demanda de energia ao longo do tempo. Mas para Fernando Siqueira, presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras, esse equilíbrio está ameaçado. “Estamos caminhando para um choque irreversível”, disse.
Já Leonam criticou o alarmismo em torno do assunto. E citou como fator positivo o crescimento da reserva e da produção de petróleo na América do Sul e no Caribe, ao contrário do que vem acontecendo no cenário mundial. Segundo ele, outra vantagem é a existência em nosso solo de urânio, já que 75% das reservas desse elemento estão concentradas em seis países, e um deles é o Brasil. A descoberta de novas fontes de energia, para Leonan, vem acontecendo à medida que a humanidade evolui: o homem descobriu a biomassa, o vento e as correntes hidráulicas, o carvão, o petróleo e, por último, o urânio. Dessa forma, o futuro dependeria da energia produzida por esse elemento químico. “A segurança energética não pode prescindir da geração elétrica nuclear”, sustentou.
Outro palestrante, Roberto Pereira D’Araújo, da Coppe-UFRJ, disse que a “energia nuclear tem seus problemas.” Apesar dos benefícios, sua utilização apresenta graves riscos à economia e à saúde da população. O professor citou como exemplo o “apagão” dos EUA, causado por um raio que desligou as usinas geradoras. Segundo ele, religá-las leva semanas em um caso como esse.
Pavel Urbanovich, representando o consulado da Bielorrússia, relembrou o acidente ocorrido na usina de Chernobyl em 1986. Segundo ele, o dia 26 de abril é considerado dia de luto oficial em seu país, um dos principais atingidos pela nuvem de radioatividade que se espalhou pela região. Mas a tragédia não impediu a Bielorrússia, país em que não há jazidas de petróleo ou saída para o mar, de pensar na energia nuclear como uma solução para o futuro. “Temos planos de construir uma nova central atômica. A pretensão é de que o primeiro reator comece a funcionar em 2018”, informou Pavel.
Claudio Ivanof Lucarevchi, presidente do Observatório Urbano do estado do Rio de Janeiro, encerrou a seminário afirmando que o Brasil tem poucas ameaças no que diz respeito à energia. Para ele, temos muitos desafios, e o principal deles está na tecnologia. “Um país com a nossa capacidade tem que gerar tecnologia. Cadê as nossas cabeças?”, argumentou. Para resolver esse problema, Lucarevchi aposta na juventude: “Há muitos jovens presentes nesse auditório. Devemos desenvolver nosso potencial”.