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Economistas debatem na UFRJ a situação do Brasil em meio à crise mundial

O Instituto de Economia da UFRJ recebeu nessa última quinta-feira (27/9), no Salão Pedro Calmon, o segundo módulo do seminário internacional “A crise mundial e os desafios de um novo padrão de desenvolvimento”. O foco do evento foi a economia brasileira e suas perspectivas no cenário global dos dias de hoje.

Francisco Eduardo Pires, assessor da vice-presidência do BNDES, atestou que o mundo vive uma incerteza causada por três mudanças econômicas: a ascensão da economia chinesa, que causa mudança na Divisão Internacional do Trabalho, a crise financeira internacional, que já se tornou fiscal e política, e as mudanças tecnológicas que revolucionam a produção e a distribuição entre as nações. Segundo ele, cada uma dessas mudanças, isoladamente, já provocaria receio. Juntas, a situação fica ainda pior.

Os economistas destacaram, ainda, a condição dos países da Europa, que sentem os efeitos da crise iniciada em 2008, nos EUA. Os europeus sofrem com altos índices de desemprego, baixo crescimento da indústria, abismo fiscal, preços “deprimidos” de imóveis, entre outras consequências. “Entre 2006 e 2008 os impulsos estavam ganhando dos freios ao investimento, como em uma queda de braço”, declarou o professor da UFRJ Ricardo Bielschowsky. “Mas a confiança do investidor sofreu um golpe severo.”

A situação do Brasil, no entanto, é vista com mais otimismo pelos palestrantes. De acordo com Bielschowsky, o país viu recentemente um aumento da população ocupada e da renda domiciliar. Além disso, a América Latina tem terras agricultáveis abundantes, o que nos confere uma vantagem em relação a outras regiões, como a Ásia.

Para Francisco, o Brasil não está “contra a parede” atualmente, ao contrário do que aconteceu em momentos anteriores. “A indústria vai mal, perdeu competitividade, mas a taxa de desemprego continua baixando”, afirmou. “Nossa situação macroeconômica, além do mais, é confortável.” Ele sustentou, ainda, que estão sendo tomadas iniciativas para reverter o quadro industrial, como a recente redução nos custos da energia elétrica e a queda na taxa de juros.

Adalmir Marquetti, presidente da Fundação de Economia e Estatística do Rio Grande do Sul (FEE-RS), encerrou a mesa falando sobre a importância do Estado e da participação popular na economia. Segundo ele, é preciso investir em mais empresas estatais e em um desenvolvimento democrático. “Saber em que setores nós vamos investir é importante não só para hoje, mas para o futuro”, assegurou. “Não estou preocupado com grupos industriais, mas com as famílias dos trabalhadores. Os latino-americanos têm que ser cidadãos plenos.”