Paulo Hora
Começou na quarta-feira (29/8) o ciclo de seminários "Você faz Cultura 2012", promovido pelo Fórum de Ciência e Cultura (FCC) da UFRJ. O seminário de abertura, o primeiro dos cinco encontros, foi realizado no próprio FCC, no campus da Praia Vermelha, no Salão Pedro Calmon.
O coordenador do Fórum de Ciência e Cultura, Carlos Vainer, ao abrir o debate programado para a parte da manhã, explicou que o objetivo do fórum é construir, através da reflexão e do diálogo, políticas para a UFRJ que contemplem as áreas de produção e difusão cultural, artística e científica. “A cultura é uma luta contra o consenso”, frisou.
Para a pró-reitora de Graduação, Débora Foguel, que participou da mesa de abertura, a universidade deve visar ao alargamento da fronteira do conhecimento, além de cultivar a arte e a cultura: “A universidade deve atuar como um repositório da cultura popular”.
Em seguida, o pró-reitor de Extensão da UFRJ, Pablo César Benetti, afirmou que todo seminário deve começar com perguntas, pois, além de ser um sinal de humildade, acaba sendo um convite à reflexão. “A universidade deve olhar para fora, ver o que o país espera, observar a demanda externa para construir a identidade cultural. Mostrar o que há de diferente no país é uma maneira de afirmação, esse é o papel da cultura.”
Presente para falar sobre as políticas culturais de governo, o secretário de Políticas Culturais do Ministério da Cultura, Sérgio Mamberti, responsável pelo Plano Nacional de Cultura, emocionou-se ao afirmar que o Ministério da Cultura passou muito tempo enfraquecido e que a aproximação entre cultura e educação no Brasil é recente e não tem sido fácil de ser consumada.
“Foi na gestão de Fernando Haddad no Ministério da Educação que se reiniciou a aproximação entre cultura e educação, desde a separação dos dois ministérios no período da ditadura”, disse. Segundo Mamberti, a comunicação não pode ser separada dessa discussão: “A grande mídia no Brasil trata a educação apenas no contexto do consumo, do adestramento, por isso, nos últimos dez anos, os ministérios passaram a trabalhar na integração do tripé comunicação, cultura e educação.”
A coordenadora de Museologia Social e Educação do Instituto Brasileiro de Museus, Marcelle Pereira, falou sobre patrimônio histórico cultural e as ações de governo que lhe são destinadas. Marcelle frisou que a discussão sobre patrimônio histórico deve incluir o seu papel, indo além de sua preservação e conservação. “O patrimônio cultural é de fundamental importância para a memória, pois os bens culturais se referem às identidades coletivas”, salientou. Ela afirmou que diálogo e comunicação são ferramentas para que o patrimônio se diversifique e se faça presente na transformação social: “a política cultural deve propor a escuta dos interesses comuns da população, formando uma simbiose entre patrimônio e as questões sociais”.
Para falar das políticas da Educação para divulgação científica e cultural, estava programada a presença do coordenador-geral de relações estudantis da Secretaria de Educação Superior do Ministério da Educação, Lucas Ramalho, que não pôde comparecer e foi representado por Túlio Dantas, que fez uma exposição sobre o Projeto de Extensão (ProExt), cujo orçamento tem crescido significativamente nos últimos anos. O projeto tem o objetivo de apoiar as instituições públicas de ensino superior no desenvolvimento de programas ou projetos de extensão que contribuam para a implementação de políticas públicas. Segundo Dantas, o estudante que se engaja nesse tipo de experiência expande sua visão de mundo.
O assessor especial da Secretaria de Cultura do estado do Rio de Janeiro, Renato Dantas, esteve presente para comentar sobre as Políticas de Cultura do Governo do estado. Dantas afirmou que, devido às diferenças nas identidades culturais entre os municípios, a gestão estadual da cultura no Rio de Janeiro é complicada. Ele ainda ressaltou a diferença das políticas públicas de cultura em relação às outras políticas públicas: “A sociedade faz a cultura, cabe ao governo atuar com ‘mão leve’, apenas promovendo as melhores condições para que isso aconteça; o dirigismo não é o ideal.”
O professor da UFRJ e assessor do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, Ildeu de Castro, falou sobre as políticas de governo para a democratização do acesso ao conhecimento: “O governo tem sua responsabilidade na promoção da ciência e da cultura, mas cabe também às grandes universidades, como a UFRJ, reconhecer seu papel de representar a população nas reivindicações frente ao governo.” Para Castro, a UFRJ tem grande importância para o município do Rio e, por isso, deve se mobilizar mais. “As universidades devem se preocupar com a educação básica, com uma comunicação pública democrática. A UFRJ precisa ser mais ousada”, disse. O professor ainda destacou algumas iniciativas do governo, como as Olimpíadas de Matemática, as Feiras de Ciência e o Plano de Ação 2007-2010, que promove a expansão do sistema nacional de ciência e tecnologia, por meio da inovação nas empresas e do estímulo à pesquisa em áreas estratégicas.
Antes do intervalo para o almoço, o debate foi aberto para a plateia, que formulou perguntas aos convidados e sugeriu temas para serem discutidos na parte da tarde. Os três seminários seguintes serão temáticos e estão marcados para os dias 12, 21 e 28 de setembro, enquanto o seminário de encerramento acontece no dia 21 de novembro.