Professora Ana Luiza Coelho Netto, do Instituto de Geociências da UFRJ, destaca importância de diagnóstico da região para identificar risco de deslizamentos.

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Especialistas discutem alternativas para evitar tragédias das chuvas

Professora Ana Luiza Coelho Netto, do Instituto de Geociências da UFRJ, destaca importância de diagnóstico da região para identificar risco de deslizamentos.

A população deve ficar alerta com as chuvas fortes que atingiram a região sudeste já nos primeiros dias do ano. A previsão, segundo dados do Climatempo, é de que o estado do Rio de Janeiro poderá apresentar, no mês de janeiro, um volume de chuva acima do normal.

De acordo com o professor Isimar de Azevedo Santos, do Departamento de Meteorologia do Instituto de Geociências (Igeo-UFRJ), as chuvas intensas nos meses de verão ocorrem em função de um fenômeno meteorológico muito comum nesta época do ano, conhecido como Zona de Convergência do Atlântico Sul (ZCAS). Ele afirma que o fenômeno, resultante do encontro do ar úmido vindo da região amazônica com o ar polar da região sul, apresenta uma característica perigosa: a continuidade e intensidade das chuvas. “A continuidade das chuvas acaba encharcando o terreno, o que provoca os deslizamentos”, explica.

O pesquisador ressalta ainda que, em janeiro, as chuvas serão frequentes em função das ZCAS, alternando dias com muita chuva e outros com tempo bom. “Tudo indica que esse padrão vai se repetir durante todo o mês”, afirma.

Alerta

Na região serrana do estado, a atenção é redobrada, pois as condições climáticas podem ser agravadas em função do relevo. Em janeiro do ano passado, a região foi destruída por chuvas intensas e deslizamentos, que deixaram parte da população desabrigada, principalmente nos municípios de Nova Friburgo, Teresópolis e Petrópolis. A tragédia provocou mais de 900 mortes.

A Defesa Civil informou que está monitorando os municípios da região serrana e do Noroeste fluminense, onde já são mais de 3 mil moradores desalojados em razão dos temporais registrados nos últimos dias.

De acordo com a professora Ana Luiza Coelho Netto, professora titular do Instituto de Geociências da UFRJ e coordenadora do Laboratório de Geo-Hidrecologia (GeoHeco), para que outras tragédias não se repitam, é necessário fazer um diagnóstico da região para identificar a suscetibilidade e o risco de as áreas deslizarem. “Esse diagnóstico é feito a partir de mapas geomorfológicos que identificam elementos que poderiam acarretar diferentes tipos de deslizamentos e também os riscos para a população que mora nessas áreas.”

A professora ressalta ainda que esse tipo de trabalho deve ser realizado em longo prazo. A partir dele, prossegue Ana Luiza, os governantes podem prevenir catástrofes. “O mapeamento de suscetibilidade e risco é fundamental para planejar a ocupação urbana e identificar onde algo pode ser construído ou não, onde é necessário retirar as populações, onde é necessário construir áreas de contenção, por exemplo”,  diz a professora.

Isimar Santos destaca que o uso das sirenes em alguns municípios é importante para alertar a população sobre um perigo iminente. “É melhor estarmos preparados para o pior, mas acredito que outra catástrofe como a do ano passado não ocorra novamente. No entanto, as prefeituras já estão atentas para o perigo. Algumas, inclusive, estão utilizando o sistema de sirenes para avisar a população sobre possíveis riscos”, conclui Santos.

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