Com uma visão heterodoxa e particular da economia brasileira, Antonio Barros de Castro manteve uma grande biblioteca e muitos escritos. Para socializar esse material e reafirmar sua importância nos rumos da economia, o Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea) lançou, na última terça-feira (13/12), no Salão Pedro Calmon do Fórum de Ciência e Cultura (FCC), o livro O Inconformista – Homenagem do Ipea ao Mestre, organizado pela esposa do economista, Ana Célia Castro, e pela filha do casal, Lavinia Barros de Castro. Ao longo de 2012, pelo menos outras quatro obras sobre o economista serão lançadas.
Professor emérito da UFRJ, Antonio Barros de Castro foi professor titular do Instituto de Economia (IE) da UFRJ durante 31 anos, de 1980 até sua morte, em agosto de 2011. Dentre outros cargos decisivos para o desenvolvimento nacional, foi presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), entre 1992 e 1993. Ultimamente, Castro se dedicava à análise da China, e faleceu em virtude do desabamento de uma laje enquanto trabalhava no escritório de sua casa, na Zona Sul do Rio.
“Para a história de Castro, este livro será muito importante”, ressaltou o diretor do IE−UFRJ, Carlos Frederico Leão Rocha. “Castro foi o primeiro intelectual de peso a situar a China no centro do cenário econômico, falando isso desde 1996, 1997. Em decorrência do que ocorre na China, prevê a retomada do crescimento no Brasil em 2003, 2004”, concluiu Rocha.
O livro se divide em duas partes. A primeira agrega textos publicados por Castro na revista Pesquisa e Planejamento Econômico (PPE), do Ipea, durante os anos 1970. A segunda apresenta um mosaico de ideias mais recentes do intelectual, destacando-se os desafios nacionais para o século XXI e a ascensão da China como potência. Economista do BNDES como o pai, Lavinia de Castro afirma, no livro, que o economista fazia de tudo para se livrar das amarras do pensamento convencional: “Ele buscava sempre construir, com rigor e originalidade, novas visões de mundo, a partir da observação exaustiva e da reflexão incessante”.