Com descoberta publicada em 2007 na revista científica Cell, os estudiosos sabem que células da pele de qualquer pessoa podem ser transformadas em células-tronco embrionárias pluripotentes. A partir do desenvolvimento da célula epitelial em neurônio, cientistas do Laboratório Nacional de Células-tronco Embrionárias (LaNCE) – vinculado ao Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da UFRJ – analisam os efeitos da esquizofrenia no cérebro sem a necessidade de estar diretamente em contato com o cérebro de um paciente humano ou animal. Em palestra no Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas (CBPF), Stevens Rehen, biólogo do LaNCE-UFRJ, explicou a pesquisa que vem desenvolvendo, há um ano e meio, a partir de células da pele da nuca de onze pacientes. “Pode-se estudar qualquer parte do corpo da pessoa através da pele. As células-tronco de pluripotência induzida se tornaram modelo para o estudo das doenças do cérebro”, revelou.
Sob o tema “Desenvolvimento de novo modelo para o estudo da esquizofrenia a partir de células humanas reprogramadas”, Rehen falou sobre o procedimento da pesquisa, destacando a importância de se pesquisar o desenvolvimento da doença em um cérebro adulto. “Tiro um pedaço pequeno da pele da nuca, coloco um vírus para reprogramação e a célula se torna uma célula equivalente ao embrião. Depois, por uma série de fatores químicos, nós a transformamos em neurônio”, explicou Rehen. A análise para o tratamento da esquizofrenia foi possível pela semelhança genética entre o neurônio criado e o original. “Esses neurônios, sob efeito de DNA, são iguais aos do cérebro”, disse o biólogo.
Rehen afirmou que o principal objetivo do estudo é fazer a triagem de medicamentos através da análise das células, para que se evitem gastos desnecessários e tratamentos ineficazes com efeitos colaterais indesejados diretamente no paciente. A esquizofrenia gera no paciente uma produção por parte dos neurônios de radicais livres em quantidade três vezes maior que a de um paciente sem a doença. Sem a interferência direta no corpo do paciente, a medicina personalizada, possível a partir desta nova técnica na pesquisa, revelou que o ácido valproico estabilizou a produção do que os cientistas chamam de “estresse oxidativo”.
Mais detalhes podem ser obtidos pelo e-mail do LaNCE-UFRJ suporte@lance.ufrj.org ou no site do Lance.