O professor emérito da Escola de Comunicação (ECO) da UFRJ Marcio Tavares d’Amaral coordenou os debates do encontro “História, Filosofia, Religião”, na Sala Vianinha, na ECO-UFRJ, no último sábado (05/11). O evento comemorou os 30 anos de Tavares d´Amaral à frente da coordenação do Laboratório de História dos Sistemas de Pensamento – Programa Transdisciplinar de Estudos Avançados (Idea). Deus, religião e misticismo, sob a ótica histórica e filosófica, foram os temas abordados no encontro. O docente afirmou que pretende transformar os debates e intervenções em livro.
No evento, que contou com a presença do filósofo Emanoel Carneiro Leão, Amaral abriu o debate ressaltando o embate da cultura ocidental greco-judaica, entre o “ser” e “Deus”. Para Carneiro Leão, a chave da crença em algo superior é o mistério. “A vida, segundo o filósofo, vem do mistério, independentemente do homem. Já o homem, que poderá vir a ser criado tecnologicamente, não é vida de verdade, porque todos os processos de sua formação são conhecidos”, analisou. Carneiro Leão criticou ainda o fato de o homem ser, hoje, considerado um sábio sem Deus, enquanto que, antes, ele seria visto como ignorante.
Maria Clara Bingemer, professora do Departamento de Teologia da Pontifícia Universidade Católica (PUC-Rio), apresentou trabalho sobre a mística na atualidade. A docente afirmou ser o amor fundamental na questão e ressaltou que o místico deve ser compreendido pelo modo como ele vê o mundo e não Deus. “O discurso pós-moderno tende a ver Deus como ausência e silêncio. A crença e a interioridade é uma experiência de vida”, disse Maria Clara.
O psicanalista Paulo Blank afirmou que o discurso judaico é silenciado no Ocidente. Para Blank, no judaísmo, o nome de Deus não é pronunciado, pois não se sabe quem ele é. “Deus é silêncio, graças a Deus”, disse o psicanalista. Segundo a tradição judaica, o texto e o conhecimento são muito importantes e, de acordo com Blank, religião significa “ler de novo”. O professor Maurício Lissovsky, da ECO-UFRJ, pôs em questão a intenção fotográfica da imagem perfeita, que, para ele, seria o desejo de encontrar o divino representado na arte.