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Importância dos sentimentos na teoria da justiça

Destaque do primeiro dia de palestras do seminário internacional “Uma teoria da justiça 40 anos depois: razão, democracia e Constituição no legado político e filosófico de John Rawls", o francês André Berten, professor de Direito na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), traçou uma análise sobre a importância dos sentimentos na teoria do professor de Filosofia Política da Universidade de Harvard, falecido em 2002.

Segundo Berten, há uma relação entre o cognitivo, processo de aprender, e o que nos incentiva a usar este conhecimento. Dito isso, o docente discorreu sobre a motivação por trás desta relação. “O patriotismo é um sentimento concreto a uma cultura concreta. O patriotismo constitucional precisa desse sentimento para que as pessoas possam aderir ao Direito”, ou seja, à legislação, que torna a sociedade coesa.

Na obra de Rawls, o sentimento moral é o que motiva o comportamento moral, como raiva, culpa e ressentimento. Segundo o autor, a simpatia e a benevolência, por exemplo, fundamentam a aprovação humana da moral e do amoral. Dessa forma, tais sentimentos baseiam não apenas o desejo por objetos, mas também por princípios e concepções políticas desenvolvidas pelo sentimento moral.

Um exemplo apresentado foi o da imparcialidade. De acordo com o senso comum, a universalidade é o conceito moralmente adequado. No entanto, segundo Rawls, na realidade, não há imparcialidade. Berten afirma ainda que Rawls sustenta o desenvolvimento da afetividade e o sentimento de justiça, não aceitando apenas uma teoria de cunho psicológico, mas adequando uma congruência entre a teoria da justiça e a psicologia.