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Estudos televisivos: pesquisas analisam qualidade dos programas

A Casa da Ciência da UFRJ realizou, nos dias 19 e 20 de outubro, o seminário “Estudos de televisão: diálogos Brasil-Portugal”. O segundo dia do evento debateu a qualidade da programação televisiva. A professora Gabriela Borges, pesquisadora convidada da Universidade do Algarve, em Portugal, apresentou, via teleconferência, uma análise sobre a qualidade dos programas do segundo canal da TV aberta portuguesa, o Canal 2, após discussões sobre a privatização ou não da TV aberta.

O objetivo da pesquisa foi avaliar se o discurso de qualidade era realmente efetivado dentro dos parâmetros portugueses. A professora montou um arcabouço teórico para estabelecer o que, de fato, constitui o conceito de qualidade para a televisão.  Um canal informativo, cultural e que fosse para minorias era a imagem vinculada a ele. No entanto, acreditava-se que ele não passava pelo cunho popular, segundo a opinião pública.

Através de uma análise semiótica dos programas (expressão, conteúdo, público), foi possível observar até que ponto os programas cumprem com as funções e as obrigações de uma TV aberta, como democratizar o acesso à arte e à cultura. “Este modelo foi pensado para que possa servir de base para outros canais públicos culturais. [O Canal 2] Imprime uma cultura de qualidade, que contribui para a vida das pessoas e não banaliza imagens como nos canais comerciais”, conclui Borges.

Avanços do Digital

Em sequência, a produção televisiva na era do Digital foi abordada pela jornalista e professora do Programa de Pós-graduação em Comunicação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Yvana Fechiune. A pesquisa explora uma questão acadêmica, de forma a “estimular o surgimento de experiências interdisciplinares de proposições de conteúdo que explorem as potencialidades técnico-expressivas da digitalização da TV”. Sua experiência na UFPE foi a de criar uma grade interdisciplinar entre a pós-graduação de Comunicação e Informática, fundindo cultura com desenvolvimento de tecnologia.

Quanto à questão da qualidade da programação, Fechine defendeu a multiprogramação, na qual se utiliza a mesma banda de programação transmitindo múltiplos fluxos informacionais. Contudo, esse processo é proibido por lei com validação até 2016. Para a pernambucana, apresentar programas substitutivos no fluxo secundário faria com que as pessoas tivessem mais acesso ao que gostariam de assistir.

Por exemplo, não seria necessário assistir à novela para poder assistir ao jogo de futebol transmitido a seguir. Aqueles não interessados na programação do fluxo principal teriam a opção de assistir ao pré-jogo, por exemplo, no fluxo secundário. Essa diversificação de oferta melhoraria a qualidade da programação, segundo este estudo que promove experimentos para realizar esta transição no futuro.