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Professor aborda literatura e arte na produção do imaginário coletivo

O imaginário coletivo é formado e perpetuado por meio das artes e da literatura. E é com foco nos estudos dos estereótipos que condicionam o pensamento humano que Armando Gens finca seus estudos. O professor deu a palestra “Literatura e imaginário”, no auditório do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), na última quinta-feira (29/9). Ele é docente da Faculdade de Educação (FE-UFRJ) e da Faculdade de Formação de Professores (FFP) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

O professor mostrou a figura de um menino lendo um livro e se imaginando na Idade Média, com uma lança na mão, sobre um cavalo e com a donzela atrás, segura e contemplativa. Disse que daí resulta a noção do homem provedor e valente, assim como da dama frágil e amorosa. No entanto, com os anos, esses paradigmas se alteraram, ainda que permaneçam na consciência. Foi a isso que Gens fez referência quando citou a metáfora das “gavetas arrumadas”, na qual nosso pensamento é organizado como elas.

Explicou que o poeta, típico do século XIX, ligado à intelectualidade, ao bucolismo e à contemplação, dá lugar ao retrato do poeta marginal dos anos 1970, urbano e contestador. Gens interpretou algumas imagens para retratar o modo como cada personagem era visto na sociedade.

Disse que, a despeito das mudanças temporais, históricas e sociais, na escola, ainda se ensinam modelos que levam a uma visão antiga dos poetas e da ideia que se tem do ato da leitura. Com isso, o aluno adquire a ideia do poeta de 1800, apesar de estar nos anos 2000, contesta o pesquisador.

Gens ressaltou que a construção do inconsciente feminino está mais atrelada a objetos, diferente do homem. E observou o pensamento da mulher: “Eu não posso usar mais esse vestido porque o usei quando fui ao cinema com meu ex-namorado”. Explicou, ainda, que as agendas das meninas na escola são gordas porque elas guardam as recordações, inserindo os objetos que as lembrarão dos momentos significantes de suas vidas.

A palestra foi promovida pelo Laboratório do Imaginário Social e Educação (Lise), da FE, no “Ciclo de Estudos sobre Imaginário e Educação 2011”. O auditório do CFCH fica no campus da Praia Vermelha da UFRJ, Avenida Pasteur, 250, Urca.