A UFRJ teve a oportunidade de conhecer de perto o delegado que tornou o sequestro no Rio de Janeiro um péssimo negócio. Marcos Reimão esteve presente, na última quarta-feira (14/9), no Auditório da Central de Produção Multimídia (CPM), para debater o tema “Vigiar e Punir”.
O encontro faz parte do curso “Riqueza da pobreza – Conexões Universidade”, resultado da parceria entre o Grupo Cultural AfroReggae e a UFRJ. Os temas abordados destacam principalmente políticas e discursos a respeito da segurança pública, redes sociais, cultura e sistema carcerário.
Com relação a este último item, Reimão ilustrou: “Trabalhei sete anos como plantonista de carceragem, eu sei que aquele sistema não conserta ninguém, só piora, e também sei que deve ser revisto e melhorado pelas autoridades”.
Quando questionado a respeito do acontecimento de maio de 1995, a “Chacina de Nova Brasília”, como foi chamado, Reimão afirmou: “Eu era um jovem delegado, o Rio de Janeiro e a polícia estavam largados de mão, era uma situação completamente crítica. Aquilo foi uma guerra e os traficantes levaram a pior, mas hoje reconheço que faria as coisas de forma diferente”.
O delegado assumiu a Divisão Antissequestro (DAS) em 1997, e, de 11 sequestros por mês, o estado passou a registrar 17 sequestros ao ano. Adriana Brito, psicóloga e empresária, foi uma vítima desse tipo de violência. Ela passou três dias em um cativeiro no Morro do Alemão sob domínio dos traficantes e foi resgatada pelo DAS sem pagamento de fiança.
Adriana relatou sua experiência: “Não foi nada fácil o que eu vivi. Hoje falo para vocês, não em tese, mas em prática, não podemos duvidar da capacidade das autoridades, e não podemos menosprezar as ações dos traficantes”, finaliza.