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Simulação de terremoto, dinossauros e Terra primitiva são atrações de exposição

Qual o motivo de restos de uma igreja, dinossauros, blocos de concreto do Maracanã e uma floresta antiga estarem juntos em um museu? A exposição “Memórias da Terra”, que abrirá na próxima terça-feira (14/9), responde a essa questão em torno de um tema: a geodiversidade.

Logo na chegada, visitantes serão recepcionados por uma personalidade da literatura brasileira ligada à geologia por ter abordado o tema em um dos livros de que foi autor. Ao entrar na primeira sala do museu, um planeta Terra com mais de dois metros de altura e de diâmetro, bem diferente do conhecido atualmente, estará à mostra. O globo estará em seu formato primitivo, recoberto por fogo e fumaça em um “universo em explosão”.

Dois meteoritos próximos a esse planeta são atrações da exposição: o de Uruaçu e Bendegó. Ambos datam da origem da Terra, há aproximadamente quatro bilhões de anos.

Mais efeitos compõem os cenários montados para reconstituir os períodos da história de nosso planeta. Quem visitar o museu terá a oportunidade de sentir o chão se abrindo numa simulação de terremoto, com projeções e efeitos especiais.

Fósseis de dinossauros, de tamanhos diversos, compõem diferentes ambientes. Espécies estarão inseridas em uma “paleofloresta”, entre elas um Saciosaurus agudoensis e um Saturmalia tupiniquim. Numa sala, com sete feras do Cretáceo, último período da Era Mesozoica, os visitantes terão a chance de fazer uma expedição no interior de um fóssil.

Um jardim com capitéis – estruturas arquitetônicas localizadas no topo de colunas – e fósseis espalhados pelo gramado levarão o público a refletir sobre a relação humana com o ambiente. “Nesse espaço pretendemos mostrar como o homem se apropria da geodiversidade de diferentes maneiras. Os capitéis, por exemplo, eram da Igreja dos Jesuítas no Morro do Castelo e eram feitos de calcário português”, explica a museóloga Aline Rocha.

Com uma imagem de um meteoro se chocando contra o planeta, uma seção conta a história da era dos mamíferos. Destaca-se nesse espaço a Bacia de São José do Itaboraí, única bacia do Rio de Janeiro, de acordo com Aline, em que são encontrados milhares de fósseis preservados dessa classe de animais. Em destaque nessa seção, o crânio de Luzia, o mais antigo fóssil humano já encontrado nas Américas, datado entre 11.000 e 11.500 anos.

Ainda referente à Bacia de São José do Itaboraí, blocos de cimento do Maracanã estarão expostos. Mas qual a ligação do estádio com a geologia? “Os blocos usados para a construção do estádio são de calcário, vindo da Bacia”, esclarece a museóloga. Os blocos são mais um exemplo da relação entre geodiversidade e cultura.

A exposição finaliza com a figura do homem moderno e sua relação com o tempo. Um filme vai retratar essa relação, dando ênfase nos usos que o homem faz do meio, ao explorar os recursos minerais para produzir bens encontrados no dia a dia (como em cartões de crédito e cosméticos) e a consequente degradação ambiental.

O Museu da Geodiversidade possui um acervo com mais de 20 mil peças, entre minerais e fósseis. Para esta exposição, foram adquiridos materiais de diversas partes do país. Do Rio Grande do Sul vieram ametistas e outros minerais; da Bahia, o estromatólito – rocha formada por carbonato de cálcio secretado por cianobactérias, responsáveis por parte do oxigênio na atmosfera terrestre – e dos estados de São Paulo e Ceará, fósseis.

A abertura está prevista para as 15h30. A exposição faz parte da programação do "1º Simpósio de Patrimônio Geológico", que se realiza até o dia 17/9 no Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN).

Visitas escolares têm seu agendamento feito através do telefone (21) 2598-9461 ou pelo e-mail mgeo@ufrj.br. O museu, aberto de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h, fica na Avenida Athos da Silveira Ramos, nº 274, bloco G do CCMN, na Cidade Universitária.