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“O olhar do pai sobre a paternidade”

Na última sexta-feira (26/08), aconteceu no auditório Leopoldo de Meis (Centro de Ciência e Saúde  da UFRJ), o I Seminário Sobre Pesquisa e Vivência Sobre o Corpo juntamente com o VII Fórum de Debates Sobre Paternidade. O evento teve uma exposição de fotos e frases de uma campanha recente do Instituto Promundo, cujo tema era "O olhar do pai sobre a paternidade". Pais do morro Dona Marta, em Botafogo,  receberam câmeras e blocos de anotações para fotografar e escrever sobre a sua atividade de pais.

Além da exposição, houve o lançamento do livro "A selvagem dança do corpo", de Marcus Vinícius Machado de Almeida e diversas palestras e debates. O congresso contou ainda com atividades de movimento e expressão corporal. A estimativa era de cerca de cem estudantes, principalmente de Terapia Ocupacional, além de interessados no tema.

A mesa de abertura foi presidida por Roberto Medronho, Lúcio Pereira de Sousa, Marcus Renato de Carvalho, Renata Mecca e Maria Luíza Carvalho. O diretor geral da Faculdade de Medicina da UFRJ, Roberto Medronho, disse que “A paternidade é uma política pública do Rio de Janeiro. Temos políticas públicas para a mulher. A saúde do adulto masculino não tem uma política pública definida. O câncer de próstata, por exemplo, é um dos que mais mata, e isso não é uma política pública valorizada. O próprio homem tem preconceito com o exame de toque retal, principalmente por conta da educação e dos padrões da sociedade.”

A psicóloga doutora da UFRJ, Maria Luíza Carvalho, ressaltou que este evento só foi possível graças à parceria com a Maternidade Escola, a UFRJ, a prefeitura do Rio de Janeiro, ao Promundo e a comissão organizadora. Já o diretor adjunto da Faculdade de Medicina da UFRJ,  Lúcio Pereira, esclareceu que “a preocupação da UFRJ não é apenas graduar profissionais da saúde, mas sim formar cidadãos reflexivos.”

Em entrevista, o doutor Marcus Renato de Carvalho, professor da UFRJ; pediatra e puericulturista, disse que a paternidade tem que ser política pública e argumentou dizendo: “Os serviços de saúde são Marisa: de mulher para mulher. Você vai na maternidade, na parte de pediatria de um hospital e vê que é tudo rosa, de flor, de bichinho… é um ambiente decorado para a mulher. O homem não se sente convidado a participar, a entrar. Na faculdade, por exemplo, o aluno tem aula sobre maternidade, aleitamento, mas não tem aula sobre paternidade. A figura do pai é muito importante, é referência. É comprovado que meninas criadas sem o pai, iniciam sua vida sexual muito mais cedo e engravidam mais cedo ainda. E meninos criados na mesma situação, se tornam mais agressivos e mais propensos a se envolver com o crime e as drogas. É preciso que os profissionais da saúde vejam e percebam isso. A Faculdade de Terapia Ocupacional da UFRJ tem esse tema em seu currículo obrigatório, a de Medicina ainda não. Temos que investir nisso: a conscientização do futuro da saúde brasileira.”

Ainda segundo Marcus Renato os objetivos desse seminário são estimular a participação do pai na vida dos filhos e mostrar a importância do pai para a saúde dele próprio e do filho. “É cientificamente comprovado que, ser pai, faz bem para a saúde”, conclui o professor.