A médica cubana Aleida Guevara esteve na noite dessa segunda (27/06), no Centro Cultural Casa Grande, na zona sul do Rio, onde ministrou palestra gratuita para cerca de cem pessoas. No evento, organizado pelo jornal Algo a Dizer, a filha do revolucionário Ernesto Che Guevara falou sobre a abertura econômica em Cuba, o embargo imposto pelos Estados Unidos ao país e o futuro da Revolução Cubana.

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Aleida Guevara faz palestra no Rio

A médica cubana Aleida Guevara esteve na noite dessa segunda (27/06), no Centro Cultural Casa Grande, na zona sul do Rio, onde ministrou palestra gratuita para cerca de cem pessoas. No evento, organizado pelo jornal Algo a Dizer, a filha do revolucionário Ernesto Che Guevara falou sobre a abertura econômica em Cuba, o embargo imposto pelos Estados Unidos ao país e o futuro da Revolução Cubana.

Aleida GuevaraA médica cubana Aleida Guevara esteve na noite dessa segunda (27/06), no Centro Cultural Casa Grande, na zona sul do Rio, onde ministrou palestra gratuita para cerca de cem pessoas. No evento, organizado pelo jornal Algo a Dizer, a filha do revolucionário Ernesto Che Guevara falou sobre a abertura econômica em Cuba, o embargo imposto pelos Estados Unidos ao país e o futuro da Revolução Cubana. “Não importa se é negro, branco ou índio. O ser humano tem o direito de explorar todo o seu potencial. Por isso, em Cuba, as universidades são todas públicas e gratuitas”, disse, iniciando a palestra.

Aleida apresentou números, segundo os quais, mais de 1 milhão de jovens cubanos estão matriculados em universidades em todo o país, cuja população é estimada em 11 milhões de habitantes. “Quando vou a uma universidade em Cuba, percebo a consciência social dos jovens e é isso que vai garantir a continuação da Revolução, mesmo após Fidel e Raúl desaparecerem”, afirmou. “O analfabetismo é um mal erradicado na pequena ilha caribenha, assim como a mortalidade infantil”, completou a médica.

Os problemas do país não foram ocultados. Aleida citou as “péssimas condições” do transporte público e a oferta de “pequenos serviços”, como os de marceneiros, bombeiros hidráulicos, entre outros. No entanto, a ativista não deixou de apontar as causas dos obstáculos econômicos enfrentados pelo povo cubano. “Imagine se você está pintando o teto de sua casa e lhe retiram a escada. Foi o que aconteceu em nosso país. Agora, temos que subir novamente sem a ajuda de ninguém”, disse, em referência à débâcle soviética no início dos anos 1990, que acabou com os tratados econômicos entre os dois países.

Após a passagem pelo “período especial” (fase mais crítica da economia cubana, após o fim da União Soviética), Cuba abriu as portas para o turismo, paradoxalmente, “malíssimo, pero muy bueno”, de acordo com Aleida. Segundo ela, a entrada de capital estrangeiro através do turismo no país abre também as portas para as tentações do capitalismo, mas também garante divisas importantes, sem os quais, a economia cubana não teria como se sustentar. A parceria com a Venezuela é apontada por Aleida como fundamental neste momento de recuperação, assim como o comércio com China, Vietnã e Brasil.

Bloqueio

O bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos, que já ultrapassa 50 anos, é apontado como fator fundamental para as dificuldades econômicas enfrentadas no país. A eleição de Barack Obama surgiu como uma esperança por novos dias. No entanto, logo veio a desilusão. “Pensávamos que com Obama seria diferente. Mas ele optou por fazer o que Clinton já fizera. Apenas retirou medidas mais duras impostas por Bush, como impedir que cidadãos estadunidenses pudessem viajar para Cuba”, citou. O bloqueio impede mesmo a democratização das comunicações no país. “Os cabos de internet não chegam a Cuba, pois têm que passam pelos Estados Unidos. Isto faz com que o serviço seja escasso e extremamente caro. Agora, faremos chegar a fibra ótica através da Venezuela”, relatou. “Empresas que fazem comércio com Cuba ainda sofrem sanções dos Estados Unidos. Até mesmo navios que levam alimentos e medicamentos são impedidos de aportar em Cuba”, denunciou a médica. “Temos as melhores intenções de reatar relações com os EUA. Mas não abrimos mão que eles nos tratem em igualdade de condições”, afirmou.

A médica citou ainda as reformas empreendidas por Raúl Castro, que permite, por exemplo, a existência do pequeno comércio. “As pessoas hoje podem trabalhar por conta própria. O Estado está, pouco a pouco, concedendo licenças aos empreendedores”, disse. A regulação do funcionalismo público foi outra mudança apontada por Aleida Guevara. “Na área da Saúde, onde eu trabalho, está havendo um maior controle. Não há mais profissionais trabalhando sem produzir”, afirmou. “Não deixaremos de ser socialistas. Se a sociedade cubana atual tem problemas que impedem o progresso do país, devemos deixá-los para trás. Mas não podemos abrir mão dos avanços obtidos até agora”, completou.

Aleida elogiou o Movimento dos Sem-Terra, “o movimento social mais importante da América Latina”, segundo ela. “Se pudesse dar um único conselho ao povo brasileiro, a partir da experiência socialista cubana, seria que vocês façam a reforma agrária. Não é possível que a maior parte das terras deste imenso país seja mantida nas mãos de apenas 17 famílias”, concluiu a herdeira de Che Guevara.

Foto: Pedro Barreto