Violência, narcotráfico, estudos estratégicos foram os temas abordados na III Rodada Latino-Americana, promovida pelo Laboratório de Estudos da América Latina (Leal) na  sexta-feira (17/06), no auditório do prédio anexo do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH).

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Rodada Latino-Americana debate segurança, violência e narcotráfico

Violência, narcotráfico, estudos estratégicos foram os temas abordados na III Rodada Latino-Americana, promovida pelo Laboratório de Estudos da América Latina (Leal) na  sexta-feira (17/06), no auditório do prédio anexo do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH).

Violência, narcotráfico, estudos estratégicos foram os temas abordados na III Rodada Latino-Americana, promovida pelo Laboratório de Estudos da América Latina (Leal) na  sexta-feira (17/06), no auditório do prédio anexo do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH). Estudantes do curso de Relações Internacionais (RI) da UFRJ e de outras instituições de ensino acompanharam as exposições da professora Joana Vargas, do Núcleo de Políticas Públicas em Direitos Humanos (Nepp-DH) da UFRJ; Eurico Figueiredo, da Universidade Federal Fluminense (UFF) e Miriam Saraiva, da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj).

Após a apresentação do coordenador do Leal, professor Marcelo Coutinho (RI/UFRJ), a professora Joana Vargas falou sobre a relação entre o narcotráfico e a violência em países da América Latina. Para ela, em poucos anos a legalização de drogas consideradas leves deve ser irresistível, devido aos altos custos com a repressão e as relações de clientelismo e corrupção que são geradas a partir dela. A proibição também não obteve êxito na diminuição do consumo, argumentou a professora do Nepp-DH, que comemorou a decisão do Supremo Tribunal Federal, que no último dia 15 liberou os protestos a favor da legalização das drogas.

De acordo com a professora, do ponto de vista do consumo, as drogas ilícitas não são as maiores responsáveis pelas mortes e pelos altos índices de violência, não menos que as bebidas alcoólicas. “Existe uma necessidade de políticas de redução de danos mais abrangentes. Danos não restritos apenas ao uso de substâncias lícitas ou ilícitas, mas quanto ao mercado de drogas”, defendeu a professora do Nepp-DH.

No Brasil, por exemplo, o consumo de drogas ilícitas pode ser considerado baixo em relação aos Estados Unidos e países da Europa. No entanto, o quadro de violência brasileiro é mais evidente. “Nas áreas de alta renda o tráfico se dá através de redes de amigos, entregas à domicílio, enquanto nas favelas e conjuntos habitacionais de baixa renda as drogas são adquiridas nas chamadas bocas de fumo, onde há um varejo de drogas fortemente armado, em constante conflito com a polícia e em disputas de território”, completou.

Desafios estratégicos brasileiros

Sobre a defesa e segurança internacional, o professor Eurico Figueiredo, do Instituto de Estudos Estratégicos (Inest) da UFF, destacou como um dos desafios brasileiros a geração de conhecimento próprio em estratégias de defesa. O professor classifica como trágica e marcada por golpes, a relação entre as forças armadas e a sociedade brasileira. Isso, segundo ele, teria gerado preconceitos, dogmas e até uma má vontade por parte dos estudiosos brasileiros, que não investem na área e fizeram com que, por muito tempo, o Brasil fosse dependente de estudos feitos nos Estados Unidos e França. Mesmo com a criação do Inest em 1986, o Brasil permanece com 70 anos de atraso nos estudos estratégicos, de acordo com o professor.

Outra questão relacionada aos estudos estratégicos e apontada pelo professor da UFF é a respeito do elo entre a política de defesa brasileira e a política externa, assunto aprofundado pela professora Miriam Saraiva.

A professora do Programa de Pós-Graduação em Relações Internacionais da Uerj encerrou a III Rodada Latino-Americana com a palestra sobre os processos de integração na América Latina. Ela falou sobre a contradição na relação entre os países da América do Sul quanto à liderança brasileira no continente, principalmente nos modelos tradicionais de processos de integração em que são estabelecidas relações comerciais – como o Mercosul. “Ao mesmo tempo em que procuram falar de igual pra igual, dependendo da situação cobram do Brasil uma participação financeira maior, por se tratar de uma liderança”, explicou.