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O corpo na contemporaneidade

Corpo: uma questão científica e sociológica discutida nessa quinta-feira (02/06) através do “II Encontro do Núcleo de Estudos Sóciocorporais e pedagógicos” (Nespefe), promovido pela Escola de Educação Física e Desportos da UFRJ. O corpo foi apresentado por uma visão contemporânea e discutido sob a perspectiva que ele tem em nossa sociedade.

Se tratando de abordar questões dos prazeres e desprazeres do cotidiano, em grande parte das respostas, as pessoas citam o corpo e o envelhecimento. Esses dois elementos ocupam um lugar central na rotina das pessoas: elas relacionam os momentos de tranquilidade e bem-estar ao cuidado com a estética.

O professor Marcelo Ramos, pesquisador do Senai/CETIQT, narra  suas experiências em abordagens antropológicas. Nas pesquisas que realizou para descobrir o que as pessoas mais admiram, invejam, se atraem no sexo oposto, ou então qual o modelo de parceiro ideal, o corpo aparecia como principal desejo dos entrevistados.

“Há uma extrema valorização de um certo estereótipo de corpo: aquele malhado, sarado e atlético. É interessante ressaltar a conotação que a palavra ‘sarado’ admite hoje em dia. O sarado, que remete à situação de um organismo reestabelecido e curado de algum mal, é também aquele que não admite excessos. A gordura, as estrias, a celulite são encaradas como excessos que devem ser combatidos”, diz o pesquisador.

A insatisfação com a forma física atinge tanto homens como mulheres. No sexo feminino, as reclamações são em torno de cabelos, seios, pele e gorduras extras. Já nos homens, a insatisfação relaciona um corpo também bonito e escultural, relacionando à conquista, ou não, de um parceiro por razões estéticas.

Para o pesquisador Marcelo, o corpo é visto como um objeto, que pode ser consumido. Antigamente, o corpo era visto como algo concedido por Deus ou pela natureza, hoje o indivíduo se torna responsável pela própria aparência. “O corpo é um produto da sociedade, onde ela inscreve suas marcas”, conclui Marcelo Ramos.

O que se constata é um pêndulo entre segurança e liberdade. Os projetos e ideais do ser humano buscam uma certa felicidade e segurança. E, hoje, o corpo é um meio para essa busca, que pode determinar o êxito nos objetivos de cada pessoa.