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Estreia de “Esse homem vai morrer” tem participação de professor da UFRJ

 Estreou no último dia 13, no Cine Glória, o documentário Esse homem vai morrer – Um faroeste caboclo, que conta a história de 14 pessoas juradas de morte na cidade de Rio Maria, ao sul do Pará, por estarem envolvidas principalmente na luta pelo acesso à terra no estado. O filme tem como fio condutor o padre e professor Ricardo Rezende, do Núcleo de Políticas Públicas em Direitos Humanos (NEPP-DH) da UFRJ, que já foi um dos ameaçados e retorna a Rio Maria dez anos depois de sua saída, para contar sua história.

Em debate realizado antes da exibição, o professor afirmou que o que leva essas pessoas a serem mortas são seus trabalhos para o melhor acesso à terra, a erradicação do tráfico humano e a exploração sexual de crianças e adolescentes na região. “São esses os eixos que falam de um Estado ausente e cúmplice”, afirmou Resende. De acordo com o professor, “ser presidente sindical no Pará é uma candidatura à morte.” O debate também contou com a presença de outras pessoas ameaçadas por sua atuação política na região, sob mediação da produtora Dira Paes.

Considerado pela crítica do jornal O Globo um “documentário obrigatório”, o filme dirigido por Emilio Gallo retrata uma região comandada por multinacionais, fazendeiros e pistoleiros. Segundo o agricultor João Batista, os ameaçados chegam a ter medo de obter proteção oficial, já que a “polícia do Pará é a própria corrupta.” Sendo assim, para o bispo Dom José Luiz Azcona, que não recebe nenhuma proteção, lutar hoje pela democracia na área significa correr um alto risco.

Participação popular

Ricardo Rezende, coordenador do Grupo de Pesquisa do Trabalho Escravo Contemporâneo (GPTEC), vinculado ao NEPP-DH, diz que “o problema central é a concentração fundiária e financeira no país”. Como medidas para solucionar essa questão, ele afirma que deve haver uma melhor gestão da polícia e do Poder Judiciário, ponderando que o “Estado sozinho não dá solução”, tendo que existir uma vigilância da população para os crimes cometidos.

O filme fica em cartaz de terça à domingo, sempre às 18h, no Cine Glória, no Memorial Getúlio Vargas, na Praça Luiz de Camões, s/n, Glória.