O curso de Relações Internacionais da UFRJ promoveu, na última terça (12/04), sua aula inaugural do semestre letivo 2011/1. O palestrante convidado foi o professor José Israel Vargas, que falou sobre o tema “O Brasil e a Unesco”, no Auditório Professor Manoel Maurício de Albuquerque, no Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH).
Com formação em Química, Vargas foi, por duas vezes, ministro de Ciência e Tecnologia, nas gestões de Itamar Franco e Fernando Henrique Cardoso; além de ter ocupado o cargo de vice-presidente da Academia Brasileira de Ciências, entre 1981 e 1995. O professor também já exerceu a função de embaixador da Unesco, sendo, hoje, delegado permanente da entidade.
Em sua fala, dirigida essencialmente a graduandos do curso de Relações Internacionais, José Vargas não se ocupou apenas em falar de sua experiência na Unesco ou das relações diretas entre a entidade e o nosso país, como sugeria o título da aula. O professor fez uma ampla apresentação da organização, situando o contexto histórico de seu surgimento, suas principais metas e desafios, sua estrutura administrativa e outros aspectos de seu funcionamento.
Vargas explica que a Unesco (do inglês, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) foi criada oficialmente em 1945, com o objetivo de estabelecer um amplo intercâmbio cultural entre nações, na medida em que a experiência da II Grande Guerra sugeriu a necessidade de um Comitê Internacional para ponderar rumos e aplicações do desenvolvimento tecnológico realizados por alguns países e suas implicações para o mundo. “Sua missão é contribuir para a paz e segurança mundial, através da colaboração entre as nações nas áreas de educação, ciência, cultura e comunicações de forma a promover o respeito universal pela justiça e a lei, pelos direitos humanos e as liberdades fundamentais que estão consignadas na Carta das nações Unidas, para todos os povos do mundo, indiscriminadamente.”, explicou o professor.
Inicialmente com 37 estados organizados, hoje, a Unesco conta com 193 países membros e mais sete associados. Seus recursos são obtidos através de uma cotização entre os estados membros, além de doações realizadas por instituições privadas, chegando, na gestão do biênio 2010/11, a pouco mais de US$ 1 bilhão de receita. De acordo com o professor, esta é uma cifra baixa diante da magnitude dos desafios e metas da organização, dentre os quais, estão a erradicação do analfabetismo e a extensão de ensino de qualidade a todos.
Nesse sentido, José Vargas lembra a difícil situação encarada pelo Brasil que, dentre os 127 países que tiveram o Índice de Desenvolvimento de Educação aferido, classificou-se na 88ª posição, mesmo tendo assegurado acesso à Educação a 97% das crianças em idade escolar. Uma explicação para esse fato, como esclarece o professor, é a baixíssima qualidade da educação pública brasileira. “Não basta garantir o acesso das crianças às escolas, deve-se, realmente, educá-las”, concluiu.