O ensino, desde tempos renascentistas, vem sendo aprimorado a cada nova descoberta ou invenção. De Newton e Descartes a Pasteur e Curie, muitos aspectos do mundo e da vida mudaram. Mas será que os métodos de ensino acompanharam essa evolução?
Para responder perguntas como esta, ocorreu no auditório Alice Rosa, no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ), a palesta: “Aprendizagem de adultos na área de Saúde: Uma nova visão”, apresentado pelo Professor Emérito da Universidade do Novo México Stewart Mennin. Radicado há quase sete anos no Brasil, Mennin já contribui há mais de 30 anos com a inovação na educação de profissionais de saúde.
Um dos principais pontos abordados pelo professor é a mecanização do estudo, que, segundo ele, é um erro clássico que consiste em tratar o ensino como uma causalidade linear, ou seja, uma ação sempre leva a um mesmo resultado. Na área da saúde, as coisas nem sempre são assim, já que podem ocorrer resultados inesperados, bons ou ruins. Mennin diz que essa mecanização ocorre porque não adaptamos o sistema de ensino ao longo dos anos, e continuamos presos aos paradigmas renascentistas.
O professor apresenta um ponto de vista diferente sobre a educação. Pregando o aprendizado sustentável, ou seja, a habilidade de adaptar o ensino continuamente, ele diz que vivemos num mundo fluido, em constante movimento. Outra faceta abordada pelo mestre é a ordem de ensino, que põe teoria antes de prática. Ele diz que as experiências devem ser priorizadas, já que são o melhor método de aprendizado e ensinam não somente para o mundo acadêmico, mas para a vida.
Segundo Stewart Mennin, a solução para o problema do ensino é tratá-lo como algo complexo. Segundo ele, o ensino é visto como uma receita, que se segue à risca e espera-se que tenha certo resultado. Porém Stewart compara o ensino a um filho, algo complexo e incerto, que mesmo seguindo-se à risca os métodos tradicionais as coisas podem não dar certo. Assim como um filho pode se tornar uma pessoa ruim, um estudante pode, e isso ocorre com certa frequência, se tornar um profissional ruim.
A complexificação do sistema de ensino e a valorização do indivíduo são, segundo o professor, as principais metas de um bom sistema de ensino. O que é preciso entender é que vivemos num mundo em constante adaptação, no qual cada indivíduo tem seu lugar numa autoorganização sem liderança que dita as mudanças. “Não se formam trabalhadores na área da saúde, mas, sim, pessoas”, conclui.