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Uso indiscriminado de repelentes traz riscos à saúde

O que fazer quando aquele mosquito chato fica zumbindo no seu ouvido? Ou quando se tem alergia à picada de insetos? Ou então quando se corre o risco de pegar doenças, como malária e dengue,  em que o vetor é um mosquito? O uso de repelentes químicos geralmente é a resposta mais prática e imediata que alguém pode ter como solução a essas questões. Entretanto, como todo composto químico, ele deve ser utilizado com cautela.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), com base em registros e estudos científicos, analisa o uso desses inseticidas e expõe os efeitos negativos que eles podem ocasionar à saúde humana, com destaque para a saúde infantil. Segundo a Agência, o principal composto presente em repelentes e inseticidas, o DEET (N,N-dietil-meta-toluamida e N,N-dietil-3-metilbenzamida, respectivamente), se utilizado em altas concentrações, pode ser tóxico e trazer danos à saúde associados à indução neuronal.

O dermatologista David Azulay, do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ), esclarece que a absorção desse composto tóxico pode causar complicações como dermatite de contato, insuficiência renal, hepatite, urticária e comprometimento do sistema nervoso. Em crianças, esse risco aumenta: “A criança é mais vulnerável, pois sua pele é mais fina, sua absorção é maior e sua metabolização ainda é insuficiente, tornando-a mais exposta a intoxicações”, explica o especialista.

Apesar de o DEET ter contra-indicações, há mais de cinquenta anos que ele é e continua sendo o composto prevalecente nos repelentes. Para David, isso se justifica pelo fato de não haver compostos com eficácia semelhante que possam substituí-lo. Repelentes naturais como a Citronela e o óleo de andiroba, e compostos sintéticos, como a Permetrina, não são tão potentes em comparação ao DEET. “A permetrina, por exemplo, é muito usada no tratamento da escabiose (doença parasitária causada pelo ácaro), porém ela é um irritante primário, ou seja, não deve ser usada regularmente”, recomenda David Azulay.

“Apesar de a Permetrina apresentar baixa toxicidade, ela possui pouca absorção, o que diminui seu efeito contra insetos”, continua o dermatologista. Vitaminas do Complexo B, ao contrário de sua fama, também não têm muita eficácia quando o assunto é espantar mosquitos. Essas vitaminas só surtem efeito quando ingeridas em altas dosagens, o que implica risco de intoxicação.

Para se proteger de eventuais picadas de insetos o DEET não deixa de ser o composto que apresenta maior resultado em sua ação. Por isso, optando por seu uso, devem-se seguir algumas recomendações estabelecidas pela Câmara Técnica de cosméticos (Catec/Anvisa). Crianças entre 2 e 12 anos devem somente usar repelentes contendo DEET em concentrações iguais ou inferiores a 10%. E em crianças com menos de 2 anos fica estabelecido que não se  usem cremes à base do composto.

No combate aos insetos, barreiras químicas, apesar de eficientes, podem ser substituídas por barreiras físicas. Prefira o uso de telas em janelas, mosqueteiras e aparelhos eletrônicos. Eles costumam ser além de eficientes, mais seguros para a saúde.