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Aula Inaugural do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho

Qual é a realidade dos investimentos em ciência no Brasil? Universidade, governo e setor privado. Qual é a contribuição de cada um para o desenvolvimento científico e tecnológico do país? Baseado nessas questões, o diretor de projetos do Instituto Nacional de Metrologia Normalização e Qualidade Industrial-RJ (Inmetro – RJ) e professor da UFRJ, Wanderley de Souza, ministrou, na última segunda feira (14/03), a aula inaugural do semestre letivo do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho.

Sob o título “A evolução do ensino superior no Brasil e as perspectivas de empregabilidade na área biomédica”, a palestra teve como objetivo apresentar um panorama da Ciência no país aos que iniciam o curso. Defensor da ideia de que o desenvolvimento econômico e social de um país depende, além de recursos humanos qualificados, de uma forte base científica e tecnológica e da capacidade de transformação de conhecimento em serviços e produtos que gerem emprego e renda, o conferencista criticou a base de investimentos em avanço tecnológico no país.

Para alcançar o patamar de potências, como os Estados Unidos e Japão o que falta, segundo Wanderley de Souza, é uma maior participação do setor industrial. “O papel da universidade é formar pesquisadores. Promover discussões e conhecimento através de pesquisas científicas espontâneas. O problema do Brasil é que esses estudiosos ficam dentro das universidades ou vão para o exterior. O aproveitamento dentro do setor industrial, para gerar avanços, é baixo”. Enquanto nos EUA, apenas 20% dos cientistas encontram-se dentro da universidade, no Brasil, essa porcentagem sobe para 70%, detalhou. 

Segundo dados comparativos apresentados pelo palestrante, o governo brasileiro está fazendo sua parte. A taxa de investimentos, até o ano de 2010, é similar a de governos de países desenvolvidos, e é crescente o número de estudantes e pesquisadores no geral. Para Wanderley de Souza, esse aumento de verbas e de pessoal se deve à expansão do sistema universitário, promovida pelo governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva a partir de 2006.

As universidades também estão no caminho certo, continua Wanderley de Souza: “os pesquisadores aqui formados são de altíssima qualidade. Não é a toa que a maioria é levada para exterior”. Contudo, de acordo com ele, o avanço tecnológico anda estagnado.  “No Brasil, sofremos com a falta de uma cultura de Pesquisa e Desenvolvimento nas empresas.”

A conferência, que aconteceu no auditório do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho, no prédio do Centro de Ciências e saúde da UFRJ, não contou apenas com a presença dos calouros. Parte do corpo docente e a diretora do IBCCF, professora Denise Pires de Carvalho, estavam presentes. Para Danilo Ferreiro, iniciante no curso, a palestra alcançou seu objetivo. Segundo ele, a apresentação ajudou a esclarecer dúvidas sobre o que ele pode esperar do curso nos próximos anos de estudo.