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Propriedades antioxidantes da romã podem retardar o envelhecimento

Na Antiguidade, símbolo do amor e da fertilidade. Na mitologia iraniana, o fruto desejado da árvore sagrada. Símbolo de sorte e prosperidade, hoje, a romã, que já foi alvo das atenções dos deuses, é objeto de pesquisas no Brasil que visam a destacar seus valores nutricionais e funcionais.

Pesquisadores da Embrapa Agroindústria de Alimentos, em parceria com a Embrapa Semiárido e a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), estão desenvolvendo um estudo para agregar valor à produção de romã, no país. A ideia é aproveitar as propriedades antioxidantes da fruta, para retardar o envelhecimento precoce e reduzir riscos para doenças como hipertensão e artrite.

“A romã, de fato, tem  grande potencial como alimento funcional”, afirma Ricardo Machado Kuster, do Núcleo de Pesquisas de Produtos Naturais da Universidade Federal do Rio de Janeiro.Entretanto, ele destaca que os benefícios reais da ingestão da fruta somente poderão ser vislumbrados após avaliação clínica e laboratorial criteriosa, feita por médicos e nutricionistas em indivíduos que fazem uso regular dos frutos.

A romã é nativa do Oriente Médio (incluindo a parte asiática). Famosa em países como Espanha, no Brasil, ela é popularmente utilizada para infecções de garganta, diminuir o açúcar sanguíneo e para labirintite, na forma de chá, como informa o professor Ricardo Kuster. Além disso, a questão mística permanece: para atrair sorte e dinheiro no ano novo, é comum colocar sementes de romã na carteira.

Além desses valores culturalmente agregados à fruta, a romã é rica em cálcio, ferro, potássio, magnésio, sódio, fósforo, vitamina C, lipídeos, esteróis, antocianinas e outros polifenóis, conforme citam algumas revistas científicas da área, segundo Kuster. Dessa forma, a pesquisa também objetiva dizer se um dos compostos bioativos da fruta, a antocianina, é bom para a saúde e se contribui para diminuir a produção de radicais livres relacionados a algumas doenças coronárias, relacionadas ao coração, como o infarto agudo no miocárdio.

Contudo, o professor Kuster já adianta: “Os principais componentes dos frutos não são as anticioaninas”. Os taninos elágicos, como a punicalina e a punicalagina, e o ácido elágico são as substâncias majoritárias do fruto e possuem inúmeras propriedades cientificamente comprovadas associadas a elas, como antiviral, anticancerígeno, anti-inflamatório, analgésico, entre outras. Todas estas propriedades parecem estar associadas à atividade antioxidante, explica Ricardo Kuster.

Entretanto, antes de tudo, é necessário confirmar se as características da romã já conhecidas em outros países, alguns deles desde a antiguidade, permanecem em solo e clima brasileiros. “A planta é um ser vivo e determinados ambientes são mais propícios a seu crescimento. Como a planta é nativa da Ásia, com ambientes muitas vezes diferentes do nosso, é necessário saber, por meio de pesquisas, se aqui no Brasil a romã terá rendimentos na produção semelhante aos lá do exterior”, esclarece Kuster.

Antioxidantes e prevenção de doenças

Os fatores de risco para doenças como tabagismo, alcoolismo, sedentarismo, hipertensão, diabetes, hipercolesterolemia, estresse físico e emocional, segundo Ricardo Kuster, do Núcleo de Pesquisa de Produtos Naturais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), estão relacionados a uma maior produção de radicais livres pelo organismo humano, de uma maneira que o nosso corpo não consegue combater com seus sistemas de defesa antioxidantes. Este fenômeno é denominado de estresse oxidativo e, logicamente, uma alimentação rica em antioxidante naturais, como aqueles presentes em frutas e legumes pode ajudar a prevenir.

Curiosidade

Ricardo Machado Kuster, professor associado da UFRJ, não faz parte do grupo de pesquisa envolvido nesse estudo sobre os benefícios da romã, mas vem trabalhando com a fruta já há alguns anos. “Sou entusiasta desse tipo de trabalho”.

“Atualmente, estamos estudando propriedades antivirais dos taninos elágicos para herpes e dengue, bem como métodos alternativos de obtenção dos mesmos”, declara o pesquisador do Núcleo de Pesquisa de Produtos Naturais da UFRJ, o professor Ricardo Kuster.