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Quantidade também é qualidade

Localizado no 11º andar do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, o Laboratório do Sono (LabSONO) é o primeiro laboratório de polissonografia em rede pública no estado do Rio de Janeiro.  A polissonografia é um exame que, através do monitoramento de parâmetros neurológicos, respiratórios e cardíacos, possibilita o diagnóstico de um paciente que sofre de algum distúrbio relacionado ao sono; dentre os mais comuns: insônia, privação de sono e apneia, distúrbio em que a pessoa deixa de respirar por alguns instantes durante o sono.

Segundo pesquisa realizada pela Academia Brasileira de Neurologia, esses distúrbios atingem cerca de 40% dos brasileiros. De acordo com Gleison Marinho Guimarães, coordenador do Laboratório do Sono, é essencial que se durma no mínimo 7 ou 8 horas diariamente. Esse é o tempo gasto para a devida liberação dos hormônios necessários e para a reposição total do organismo. Isso para os adultos.

“Uma mínima parcela da população consegue cumprir essas 7 ou 8  horas da sono, eu mesmo não consigo”, aponta Gleison, “aliado a isso, o estresse acumulado no dia a dia nos coloca em estado de hiper alerta, prejudicando o sono tanto quantitativa como qualitativamente – lembrando que, no caso, quantidade também é qualidade”

As noites mal dormidas são a principal causa de cansaço excessivo e sonolência durante o dia, interferindo no humor, no rendimento no trabalho e nas relações dentro de casa. Na tentativa de um sono melhor, é comum pessoas se automedicarem, vindo a consumir medicamentos perigosos ao organismo. A classe principal utilizada no Brasil é a dos benzodiazepínicos, da qual pertencem medicamentos populares como o Diazepan e o Lexotan. O médico esclarece que esses medicamentos causam dependência, podendo levar o paciente, inclusive, a crises de abstinência caso suspenda seu uso. “Em casos de insônia, o paciente deve procurar um médico”, conclui Gleison.

Dentre outras formas de garantir uma boa noite de sono, o especialista destaca a importância de uma alimentação adequada, priorizando a ingestão de alimentos leves durante a noite e, se possível, não se alimentando de 2 a 3 horas antes de ir dormir; a prática de esportes, que auxilia na liberação de substâncias que melhoram a qualidade do sono; e a importância de se evitar estímulos sensoriais muito intensos, como, por exemplo, o estímulo de luz que se tem ao deitar para dormir com a televisão ligada.

O sonho de uma noite inteira sonhando  

A criação do Laboratório teve o apoio da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) e irá disponibilizar, além do diagnóstico, o aparelho de CPAP, uma espécie de máscara de inalação que auxilia a respiração durante o sono. Esse aparelho é destinado aos primeiros 120 pacientes do laboratório que sofrem de apneia do sono e, no mercado, tem um preço mínimo de cerca de 1.500 reais.