Na última quinta (2/12), a Cara das Quebradas comemorou o encerramento do primeiro curso de extensão e pesquisa universitária Universidade das Quebradas, realizado de abril a novembro deste ano.

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Memória

Muita arte na Quebrada

Na última quinta (2/12), a Cara das Quebradas comemorou o encerramento do primeiro curso de extensão e pesquisa universitária Universidade das Quebradas, realizado de abril a novembro deste ano.

Na última quinta (2/12), a Cara das Quebradas comemorou o encerramento do primeiro curso de extensão e pesquisa universitária Universidade das Quebradas, realizado de abril a novembro deste ano. O projeto visa promover uma ampla troca de conhecimentos e experiências entre intelectuais e pessoas ligadas ao meio acadêmico e membros de favelas ou comunidades situadas em áreas periféricas, especialmente os artistas dessas comunidades. O curso é realizado pelo Programa Avançado de Cultura Contemporânea do Fórum de Ciência e Cultura da UFRJ (PACC-FCC) da/UFRJ, sob a coordenação das professoras Heloísa Buarque de Holanda e Numa Ciro. O evento foi realizado nos salões Vermelho e Dourado do Palácio Universitário, das 9h30 às 18h30, quando se realizaram debates e diversas atividades artísticas.

Às 14h, teve início a exibição do vídeo Curta Saraus, dirigido por David Alves da Silva, do coletivo Arte-periferia. O curta-metragem apresenta um panorama dos saraus realizados em bares nas periferias de São Paulo, especialmente os da região do Capão, São Luís e Campo Lindo.  Curta Saraus tem como proposta apresentar esses novos artistas que surgem nas periferias e pôr em debate aspectos sobre cultura e o poder de transformação social que pode ter a arte.

Após a exibição foi realizado um debate em que o diretor e outros membros do coletivo puderam debater esses aspectos com os presentes. Para David, a iniciativa de se criar espaços livres de cultura dentro das comunidades é essencial, na medida em que esses espaços sempre carecem de opções como cinema, teatro, entre outros. “Além disso, os saraus realizados nessas comunidades operam na forma de aproximar seus membros da Literatura, despertando interesses que poderiam não ser despertados”, complementa o poeta Alisson da Paz.

Na ocasião, também foram debatidos aspectos mais diretos relacionados à Academia e o fazer comunitário.  A linguagem “codificada” das universidades foi criticada pelos convidados na medida em que afasta o objeto de estudo de quem o está estudando. Para Alisson da Paz, teria de se “desenvolver uma forma de linguagem e didática que faça o morador da periferia se identificar à sua realidade. Fazê-lo ver que está estudando objetos e dinâmicas reais, que se operam no dia-dia”.

O evento também contou com performances de dança, música e teatro. Estiveram presentes os rappers B.Ma-k-lé, Santa Cruz de Lágrimas e Combatentte Xavier, além do professor de saxofone Pedro Bittencourt, da Escola de Música (EM) da UFRJ, fazendo uma participação especial na música de Santa Cruz.

Paralelo a essas manifestações, o evento contou com a “Instalação Artêxtil, Terra Brasilis”  de Romualdo Vieira de Mello (UQ), na qual o autor reuniu elementos que falam da mistura dos povos formadores da nossa cultura: índios, negros e brancos.