Comemorou-se nessa quarta-feira, 1º de dezembro, o Dia Mundial de Combate à Aids, data estipulada pela Assembleia Mundial da Saúde, com apoio da Organização nas Nações Unidas em 1987, visando a conscientização sobre a doença e reforçar a solidariedade com as pessoas infectadas.
A Aids – ou Síndrome da Imunodeficiência Adquirida – é causada pelo vírus HIV, que ataca o sistema imunológico, deixando o corpo suscetível a outras doenças, como tuberculose e pneumonia que, por sua vez, podem causar a morte. De acordo com Paulo Feijó Barroso, professor da Faculdade de Medicina da UFRJ, as causas de mortalidade têm passado por mudanças.
“No início da epidemia, as infecções chamadas ‘oportunistas’ eram as grandes responsáveis. Entre os indivíduos que recebem tratamento adequado, no entanto, cresce o número de mortes causadas por complicações de infecções provocadas pelos vírus B e C das hepatites (cirrose e câncer, por exemplo), neoplasias e eventos cardiovasculares”, explica.
O tratamento da Aids deve ser realizado o mais rápido possível, antes que a doença avance pelo corpo. Como, muitas vezes, os sintomas da presença do vírus HIV não se manifestam de início, o ideal é incluir na lista de exames periódicos, o exame para diagnóstico da Aids.
“O que mais prejudica a vida de uma pessoa vivendo com HIV é o fato de ela não saber que está infectada e não poder, portanto, ser beneficiada pelo tratamento. O ideal é fazer o diagnóstico da infecção pelo HIV o mais precocemente possível. Eu não consigo encontrar motivos para que estes exames não sejam recomendados ampla e repetidamente pelos profissionais e serviços de saúde”, afirma Paulo Feijó.
Há uma série de campanhas de prevenção à Aids no Brasil, mas, ainda assim, 30 mil pessoas foram infectadas pelo vírus em 2007. “Para evitar a transmissão do vírus pelo sangue é necessário o controle da qualidade do sangue e seus componentes, no caso de transfusões, e a diminuição do compartilhamento de equipamentos, como agulhas e seringas, entre usuários de drogas endovenosas. É importante, também, identificar as gestantes infectadas para que usem medicamentos e procedimentos que impeçam a infecção dos bebês. A transmissão sexual é a mais frequente e, neste caso, a estratégia mais eficiente é a utilização consistente de preservativos masculinos e femininos”, alerta o médico.
Vale lembrar que a Aids é uma doença que atinge ambos os sexos, embora no início da epidemia os maiores infectados fossem os homossexuais do sexo masculino. Atualmente, no entanto, a quantidade de mulheres infectadas está praticamente igualada. “No Brasil, por exemplo, na década de 1980, a relação de casos de Aids notificados ao Ministério da Saúde era de, mais ou menos, dez ou 20 homens para cada mulher. Nos últimos anos, porém, essa relação é de menos de dois homens para cada mulher. Já em outras áreas, como em países africanos, a relação sempre foi próxima de um homem para uma mulher”, informa o professor.
Vacina
Outra mudança ocorrida, desde o surgimento da doença, diz respeito aos medicamentos e ao avanço das pesquisas em possíveis vacinas para o vírus. “Com o passar dos anos, foi possível conhecer melhor cada uma das drogas utilizadas no tratamento do HIV, sua eficácia e sua toxicidade, de modo que, hoje em dia, podemos prescrever esquemas terapêuticos menos tóxicos e mais cômodos, com maior precisão quanto à frequência e dosagem do fármaco. A maioria dos médicos, por exemplo, inicia o tratamento como um número pequeno de comprimidos tomados juntos apenas uma vez ao dia. Isto é um grande avanço sobre as prescrições de 15 anos atrás quando eram prescritos, eventualmente, de 12 a 15 comprimidos divididos em vários momentos ao longo do dia”, afirma Paulo Feijó.
Com relação à vacina contra o vírus HIV, o médico se mostra bastante otimista. “O desenvolvimento de uma vacina eficaz e segura é um dos principais desafios das ciências médicas na atualidade. Diversos produtos vacinais foram e estão sendo desenvolvidos, sendo que alguns foram levados a testes em grande número de voluntários. Há resultados promissores e todos os envolvidos acreditam no sucesso de produção de vacinas seguras, eficazes e acessíveis”, conclui.
Dia Mundial de Luta
Em comemoração ao Dia Mundial do Combate à AIDS, o Hospital Escola São Francisco de Assis em conjunto com a Escola de Enfermagem Anna Nery da UFRJ promoveu, dia 1° de dezembro, a mesa-redonda “Jovens e a prevenção das DST/Aids”.
O Ministério da Saúde, por sua vez, promoveu também no mesmo dia, no Itamaraty, o lançamento da Campanha Nacional de Aids, evento que contou com a presença do Presidente Lula.