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Uma nova perspectiva etnográfica

O encerramento do "I Seminário Internacional sobre Microterritorialidades nas cidades", realizado de 13 a 15 de dezembro, no Auditório Professor Manoel Maurício de Albuquerque, no campus da UFRJ na Praia Vermelha, ficou a cargo do antropólogo e professor da Universidade de São Paulo (USP) José Guilherme Magnani, que ministrou  a conferência “De perto e de dentro: uma perspectiva etnográfica sobre a cidade”.

José Guilherme apontou os diferentes aspectos da natureza do estudo realizado pelo antropólogo tradicional e pelo antropólogo que se propõe a estudar os fenômenos urbanos, inseridos em contextos de metrópoles, tentando dar, a esse segundo grupo, direções metodológicas que tornem a pesquisa mais completa. Para isso, o professor trabalha com o conceito de "circuito", como sendo “a trajetória percorrida por grupos específicos no espaço urbano”. Segundo Magnani, a análise dessa trajetória permite perceber as influências, tanto realizadas como sofridas, por esses grupos no território urbano e, principalmente, perceber as relações que são estabelecidas com outros grupos que compartilham o espaço das cidades.

Como exemplo, o antropólogo citou um trabalho idealizado por uma de suas alunas que se propôs a estudar os straight edges, grupo oriundo da cultura punk, que se posiciona absolutamente contra a ingestão de alimentos de origem animal ou qualquer tipo de droga, inclusive álcool e tabaco. Analisando o circuito percorrido por esse grupo, o professor se deparou com relações inusitadas como a estabelecida entre os straight edge e os hare krishna. Aparentemente sem pontos em comum, esses grupos confluem em relação à alimentação vegetariana. Nesse sentido, o professor aponta que, em algumas festas straight edges, denominadas "verduradas", são os hare krishnas os responsáveis pela cozinha.

Essa perspectiva etnogáfica de “circuitos” permite, de acordo com Magnani, que “o estudo não fique centrado e restrito a seu objeto, podendo se estabelecer, através do conjunto de análises dessa natureza, certas repetições e regularidades que ajudam a compreender de forma mais completa o espaço urbano e os grupos que o compõe.”