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Os novos desafios do escritor

Na última quarta (27/10), o Fórum de Ciência e Cultura (FCC) da UFRJ sediou o lançamento do livro A reinvenção do autor: Literatura e mass media, do professor e jornalista Sérgio Sá. A obra, publicada pela Editora da UFMG, é resultado da pesquisa de doutorado do autor e tenta enxergar, na prosa literária, o que resta no imaginário do escritor depois do confronto com a força legitimadora da cultura midiática. Sérgio partiu da análise mais específica da literatura latino-americana, especialmente a brasileira, em um contexto pós-ditatorial, período em que os autores foram obrigados a repensar temáticas e abordagens.

O evento foi acompanhado por debate onde estiveram presentes, além de Sá, os professores Dau Bastos, da Faculdade de Letras, e Cristiane Costa, da Escola de Comunicação (ECO) da UFRJ. Na ocasião, foram debatidos alguns aspectos do livro, principalmente, as visões que os escritores desenvolvem sobre os meios de comunicação e as possibilidades de discurso de uma obra literária de ficção.

Questões para além das diretamente abordadas pelo livro também foram levantadas. Cristiane Costa falou sobre a visão desenvolvida pelos meios de comunicação acerca dos autores. Para isto, a professora citou o cinema, que, frequentemente, retrata o escritor marginal, porém genial.

Sérgio Sá abordou o caráter legitimador dos  meios de comunicação de massa em nossos dias. Segundo o escritor, “a grande mídia vem se responsabilizando cada vez mais como produtora de verdades sobre o que é ou o que não é uma boa obra”. A questão é resumida por Sá com a pergunta que, propositadamente, fica sem resposta: “Quem está legitimando mais: a Mídia ou Academia?”, indagou.

Para Dau Bastos, a obra de Sérgio Sá é o melhor ensaio sobre literatura produzido nos últimos tempos. O professor brinca que desde que leu “A metafísica da moral”, do filósofo Immanuel Kant, não havia sublinhado e riscado tanto um livro de anotações, como fez com a obra de Sá. “É uma declaração escancarada de amor à ficção. Uma costura muito bem feita entre a linguagem jornalística e a ficcional”, concluiu Bastos.