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Comissão de Direitos do Paciente alerta para o cuidado com o doente

 A comemoração da reunião de número 200 da Comissão de Direitos do Paciente (CDP) aconteceu Na última terça-feira (31/08) no Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/UFRJ). A Comissão, que surgiu em 2001, é constituída por profissionais da saúde e pacientes do HUCFF e tem o objetivo de lutar na defesa dos direitos dos pacientes.

De acordo com a cartilha produzida pela CDP, sua missão é “fortalecer a noção de Direito e Cidadania, através de ações educativas, junto à comunidade do HUCFF, implementando o controle social na saúde.”

A comemoração contou com a presença de José Marcus Eulálio, diretor geral do HUCFF, que abriu a reunião, ressaltando a importância da integração entre Hospital e sociedade. Segundo o diretor, é imprescindível que os profissionais da saúde percebam que tanto o paciente quanto a família depositem a responsabilidade do sucesso do tratamento nos médicos, enfermeiras e em todo o corpo social do Hospital. Por isso mesmo, esses profissionais devem ter como preocupação a garantia dos direitos do paciente.

“Isso é ser um profissional de saúde”, afirma Marcus Eulálio. Segundo ele, os alunos têm que enxergar nos profissionais um exemplo a ser seguido. Por último, o diretor aponta para um desafio permanente na carreira médica, que diz respeito a ter que enfrentar tanto o sucesso quanto o insucesso dos tratamentos e saber lidar com ambas as situações.

Em complemento à  fala do diretor geral do HUCFF, a professora Lucila Perrota, diretora da Divisão Médica do Hospital Universitário, comenta sobre a importância de uma relação sincera entre médico e paciente. “A relação médico-paciente é, na verdade, muito mais complexa, pois envolve não apenas o médico, mas toda a Instituição”, afirma a professora. E o que cabe aos profissionais envolvidos com a Instituição – médicos, enfermeiras, assistentes sociais – é criar um vínculo de confiança com o paciente, sem faltar com a verdade.

Segundo Lucila Perrota, os médicos, atualmente, têm muito mais dificuldades para convencer os pacientes do tratamento do que alguns anos atrás. “Hoje em dia, o paciente já vem com um conhecimento sobre o assunto, adquirido através de meios como a internet. O médico deve oferecer o tratamento que acredita ser o adequado, mas, muitas vezes, o paciente não concorda com o tratamento oferecido, por ter obtido informações não tão verdadeiras e precisas. Nada, nenhuma informação, substitui a experiência clínica do médico”, alerta Lucila Perrota.

A professora ressalta também a importância da comunicação entre os profissionais da saúde e as famílias. “É preciso que os profissionais assumam uma postura positiva diante do problema, mas, ao mesmo tempo, não iludam os familiares. Eu tenho um método que é conversar com a família e perguntar o que ela acha que está acontecendo com o paciente. Quando os familiares expõem o que eles entendem que está acontecendo, eu tenho a oportunidade de esclarecer exatamente qual a situação do paciente. Há três palavras muito importantes: esclarecimento, sinceridade e honestidade”, declara a professora.

Lucila Perrota afirma, ainda, que a relação médico-paciente deve ser mais ampla que um simples diagnóstico. “Os profissionais da saúde devem se preocupar com a situação emocional e psicológica do paciente, com seu conforto, sua segurança diante da situação.” A professora comenta sobre um projeto de implantar a ideia de enfermarias menores, que já é realidade em muitos países. A medida, além de deixar os pacientes mais confortáveis e menos constrangidos, diminui o risco de infecção hospitalar.

Por fim, a diretora da Divisão Médica afirmou que a comemoração deve ter como finalidade fortalecer a Comissão dos Direitos do Paciente, apontar melhorias para o Hospital Universitário e pensar em situações que satisfaçam tanto os profissionais da saúde quanto os pacientes.

Em seguida, Éber Redua, ex-paciente do HUCFF e autor do livro “Doença Renal não é o fim”, relatou o histórico de sua doença, que teve início com uma diabetes aos 17 anos e resultou em pouco mais de três anos de hemodiálise. Cansado da angústia e do sofrimento provocados pelo tratamento, Éber decidiu entrar na fila para o transplante renal. O paciente realizou o transplante em 2003 no HUCFF, após três cirurgias, obteve sucesso e, hoje, vive uma vida normal.

Éber ressaltou a importância da clareza e da firmeza dos médicos em seu tratamento e agradeceu a toda a equipe do Hospital Universitário que o apoiou. Segundo ele, o sucesso de seu tratamento dependeu da excelência da equipe médica, do apoio de sua família e de sua fé na possibilidade de recuperar a saúde. “Todo ano nós fazemos uma festa de aniversário na data do transplante”, brinca. Foram publicados 10 mil livros, que estão sendo distribuídos gratuitamente por Éber e sua família para doentes renais em diversos hospitais.

Para concluir, Maria da Conceição Lopes Buarque, assistente social e fundadora da Comissão de Direitos do Paciente, ressalta o trabalho realizado pela Comissão, que tem trabalhado para criar e solidificar indicadores que garantam a qualidade no atendimento aos pacientes do HUCFF.