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Equipe da UFRJ cria método que regenera os pulmões através de células-tronco

Responsável por grande parte das internações em hospitais do país, a asma atinge milhões de brasileiros e mata cerca de oito pessoas por dia. Porém, a partir de uma alternativa elaborada pelo Laboratório de Investigação Pulmonar do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho (IBCCF/UFRJ) esses números podem mudar.

A equipe criou um método que consiste na implantação de células-tronco retiradas da medula óssea do próprio paciente. Essas células podem regenerar e reforçar a área do pulmão, diminuindo os danos causados pela doença. De acordo com Patrícia Rocco, chefe do laboratório e professora da UFRJ, a coleta de células-tronco a partir do próprio paciente evita que ocorra incompatibilidade entre células.

A asma é uma doença inflamatória que atinge as vias aéreas dos pulmões causando dificuldade de respirar, tosse e outros sintomas. Segundo a pesquisadora, o tratamento com células-tronco visa a melhorar a qualidade de vida dos portadores de asma de difícil controle que não respondem ao tratamento convencional para a doença. Mas alerta que o procedimento não substitui a medicação, nem repara completamente os danos causados pela asma: “certamente, os pacientes continuarão utilizando a medicação. A terapia melhora o processo inflamatório e espera-se melhora na qualidade de vida e, quiçá, redução na quantidade da medicação utilizada”.

A pesquisa se iniciou há cinco anos e foi testada através da implantação da técnica em camundongos. Hoje, com resultado favorável, testes em humanos já podem ser planejados: “os testes serão realizados durante um ano em pacientes que não reagem à terapia com corticosteróide e broncodilatador. A ideia é que a terapia com células-tronco seja fornecida pelo SUS”, revela Patrícia. 

Benefícios ao sistema de saúde e à sociedade

De acordo com dados do Ministério da Saúde, a asma é o quarto maior motivo de internações em hospitais públicos no Brasil e o terceiro maior custo para o SUS, com cerca de 250 mil internações por ano. Para a professora, a melhoria da qualidade de vida do paciente significa também a diminuição de custos do sistema de saúde: “essa melhora provavelmente propiciará um impacto socioeconômico, com a menor frequência dos asmáticos em internações e serviços de emergência, assim como o menor número de faltas ao trabalho”.