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Início do ciclo de debates com cineastas no Fórum

Teve início na última quarta-feira (08/09) o ciclo de debates entre público e cineastas da "II Semana dos Realizadores", promovido pelo Fórum de Ciência e Cultura (FCC) da UFRJ. O tema do dia, “A Invenção do Real: o imaginário como objeto de documental”, foi proposto pelo mediador Eduardo Valente e contou a participação dos realizadores Geraldo Sarno, Maya Da-Rin e Gabriel Mascaro, que têm filmes exibidos na mostra.

De acordo com suas experiências em cinema, os convidados buscaram reflexões acerca de uma questão muito debatida atualmente, no Brasil e no mundo, que é a das fronteiras entre documentário e ficção.  Até que ponto se pode dizer que o documentário representa uma realidade? Ou seria considerada ultrapassada essa distinção entre documentário e ficção?

A partir do momento em que se tem uma câmera presente, a realidade que se pretende captar sob forma documental sofre a influência de elementos como o olhar do cineasta e a montagem posterior do material. Porém, os convidados defenderam o ponto de vista de que, na arte, a realidade se coloca de maneira relativa, e que o que está em jogo no documentário é a maneira de documentar do realizador.

A divisão “careta” entre documentário e ficção serve para a escolha da estrutura com que se vai trabalhar, mas, quando se inicia o processo, a representação – documental ou não – assume uma dinâmica própria, com diversos fatores em jogo. “Do ponto de vista da criação, não faço distinção entre documentário e ficção. Ficção joga com mais elementos, como ator, cenografia, mas pode ser menos complexa que o documentário”, disse Geraldo.

Para ele, a estética que guia a visão de mundo do artista é o que determina o o processo de criação: “A essência do trabalho do artista é articular uma forma. O real, portanto, é a forma criada pelo cineasta. O espectador leva pra casa a imagem, que é a forma, a estrutura do filme. O realizador opera com as formas, o tema não é o centro do filme”.

Maya acredita que o que caracteriza o real no documentário é uma cadeia de trocas que se estabelece durante o processo de criação. Essa cadeia compreende diálogos tanto entre o tema e o olhar do realizador, como entre a exibição e o espectador. De acordo com sua experiência, acredita que “a realidade nasce das indagações. Ao mesmo tempo em que acontece, se recria”.

Eduardo Valente se referiu a Geraldo Sarno como “a nossa consciência crítica, que vem de outros momentos do cinema para nos guiar”. O cineasta, que exibe na mostra o longa O Último Romance de Balzac, aconselhou a nova geração de realizadores a ler bastante sobre o processo de criação de artistas como Eisenstein: “ou você tem a capacidade de criar e fazer arte ou não tem, isso não pode ser ensinado, mas a experiência de grandes artistas pode ajudar no sentido de destacar caminhos para a sua arte”.

A mostra de filmes acontece no Unibanco Arteplex, do dia 8 a 16 de setembro. No total serão exibidos 11 longas-metragens, além de curtas, realizados em seis diferentes estados brasileiros.  Para programação completa e mais informações no blog da II Semana dos Realizadores.